Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

'Ninguém rouba mais consulta em PP', diz secretário de Saúde

Maycon Morano

Em 21/12/2010 às 14:58

No balanço de sua Pasta em 2010, o secretário de Saúde de Presidente Prudente, Sérgio Cordeiro, destaca a informatização das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), como um dos principais avanços do ano.

De acordo com o prudentino de 52 anos, essa modernização propiciou maior controle de remédios e de consultas, inibindo que moradores de outras cidades tentem “roubar” um atendimento dos munícipes locais.

Médico há 28 anos e secretário pela primeira vez, na série de entrevistas especiais do Portal, ele afirma que “nunca foi político” e fala sobre o que foi feito em 2010 e quais os projetos para 2011, como a integração de todas as unidades através de um sistema de fibra óptica.

 

Confira abaixo a entrevista completa com o secretário de Saúde de Prudente:

Portal: Qual foi a principal realização da secretaria de Saúde em 2010?

Sérgio Cordeiro: Foi o gerenciamento de todas as unidades de saúde através de um sistema de informática interno. A partir do momento que tivemos um controle, obtivemos condições de cobrar. Agora não temos mais invasão em nossas unidades, nós tínhamos uma invasão pesada. Antes, cerca de 20% a 30% dos atendimentos médicos da Secretaria de Saúde eram de outras cidades. Pessoas de Santo Anastácio, Álvares Machado, Presidente Bernardes, todos vinham se consultar aqui. Além disso, não tem mais desvio de medicamento, porque antes o pessoal consultava aqui, pegava o remédio e levava para lá. As pessoas passavam em duas ou três Unidades Básicas de Saúde e levavam para a tia que mora lá em outra cidade. Não tinha controle nenhum. A partir do momento que tivemos esses controles, passou a sobrar remédio. Se você pega em uma não consegue pegar em outra.

P: Como funciona este controle?

SC: Todas as UBS’s são interligadas. Se você pega remédio em uma, você não pode pegar na outra. Só consegue pegar mais quando vencer a programação de seu remédio, que é estipulada de acordo com o que o médico receitou. Hoje as pessoas nem tentam mais, porque sabem que não dá. No começo, quando implantamos esse sistema, nós tínhamos quase mil retornos de atendimentos por mês: a pessoa pegava em um lugar e ia pegar no outro depois. Agora é coisa esporádica.

P: O que melhorou para a população?

SC: Isso deu a possibilidade de a gente melhorar o atendimento, porque a partir do momento que tínhamos os desvios, não conseguíamos atender todo mundo. Agora, não. Quem é de outra cidade tem que pedir para seu prefeito, para contratar um especialista, ou adquirir um tipo específico de remédio. Não vir roubar uma consulta de um prudentino.

P: E como ficou a questão da contratação dos pediatras, que demorou um pouco para ser resolvida?

SC: Estamos contratando os socorristas. A melhor solução que encontramos foi essa. Porque a criança agora vai ter um primeiro atendimento. Antes nem isso tinha. A criança chegava na unidade e o médico que estava lá não queria nem saber, porque o contrato não previa que ele teria que atender criança. Agora o contrato prevê o atendimento em criança. Ele faz o primeiro atendimento e se for uma coisa simples, como 80% é coisa boba, ele medica e libera a criança. Se for uma coisa mais complexa, aí ele vai encaminhar para o pronto-socorro do Hospital Regional para fazer algum tratamento, algum exame. A gente já esta começando a chamar os médicos. Daqui um ou dois meses a população já vai começar a ver as diferenças. Serão dois médicos. Vai continuar a mesma coisa, mas agora são dois socorristas. Não vai ser mais um clínico geral e um pediatra. A gente ainda tem pediatras que irão continuar atendendo, mas em breve não teremos mais.

P: Quais as dificuldades que sua secretaria encontrou este ano?

SC: As maiores dificuldades eram para as UBS’s do Jardim Cambuci e Distrito de Eneida. Nós conseguimos, dentro de um projeto, R$ 400 mil para a construção dessas das unidades. Serão duas unidades novas. Serão duas PSF’s [Postos de Saúde da Família].

P: Destaque algumas realizações da Secretaria de Saúde em 2010.

SC: As reformas das unidades que estavam há 15 anos sem nem pintar. Entregamos sete esse ano. Cinco reformadas totalmente e duas que foram pintadas, feitas uma melhora superficial. Teve, também as quatro ambulâncias que nós adquirimos. Deu para resolvermos o problema de atendimento à população. A construção do Cohabão. O Centro de Referência do Idoso. Compramos um equipamento de audiometria para o Cerest [Cetro de Referência da Saúde do Trabalhador]. Com a aquisição das ambulâncias nós estamos tendo mais condições de levar os pacientes para outras cidades. As ambulâncias eram muito velhas, às vezes quebravam no meio do caminho. Tinha que sair com ambulância daqui para socorrer a outra. Todas as que estão viajando hoje são ambulâncias novas. A Central de Ambulância em frente à Santa Casa. Reformamos tudo, fizemos uma nova central.

P: E para o Programa DST/Aids, o que foi feito?

SC: Compramos um veículo próprio para o pessoal do DST, para poder fazer as batidas deles. Eles vão a casas noturnas, hotéis, esses locais. Eles fazem umas blitz para poder dar orientação a prostitutas nas ruas. Entregam panfleto, camisinha, então precisa de um veículo para fazer isso. Eles também mudaram. Foram para onde nós estávamos [Palácio da Saúde]. Conseguimos uma área que estamos reformando para colocar uma sede definitiva para eles.

P: O que a mudança da sede secretaria e do Palácio da Saúde para o Centro propiciou?

SC: Ficou fácil para a população. Agora tem um acesso mais fácil. Todas as linhas de transporte coletivo passam aqui. Os ônibus param aqui perto para deixar os velhinhos, enfim, ficou uma localização prática para todo mundo.

P: E para o Centro de Atenção Psicossocial?

SC: Também adquirimos veículos para o Caps. Lá eles fazem tratamento de quase 90 pessoas que têm problemas com álcool e drogas. Como realizam muitas ações, como palestras e atividades físicas, caminhadas, compramos um van de 16 lugares para fazer o transporte desse pessoal.

P: O que foi realizado internamente na Secretaria de Saúde?

SC: Fizemos a reestruturação do nosso organograma, coisa que nunca teve. Nós tínhamos as pessoas exercendo as funções que não tinham cargo para isso. Agora elas têm uma motivação a mais para que tenham condições de desempenhar melhor suas atividades. Nossa atividade é muito exaustiva, cansativa. E o usuário do SUS é muito exigente, ele quer ser bem tratado, bem atendido. Não tem a historia de que dá uma unidade toda quebrada, esbagaçada, ambulância toda arrebentada e a pessoas se satisfaz. Hoje, não. Eles vão atrás, conquistam as coisas no Ministério Público. E tudo isso é feito dos funcionários que estão na ponta. Por isso temos que ter um funcionário motivado.

P: Então essa reestruturação do organograma foi para dar autonomia para estes funcionários das UBS’s?

SC: Sem dúvida. Hoje cada um tem seu cargo e sua atividade. Acaba fazendo com que as pessoas tenham mais responsabilidade e zelo com a coisa pública.

P: O que a Secretaria de Saúde planeja para 2011?

SC: Continuar as reformas. Pretendemos reformar mais cinco ou seis unidades o ano que vem. A intenção é até o final de 2011 estarmos com todas reformadas. Também vamos adquirir novos equipamentos. Fizemos um projeto com o governo federal e ganhamos R$ 750 mil para implantar uma rede e interligar todas as unidades com fibra óptica. Será uma rede de internet e dados de alta velocidade que vai contemplar imagem e som. Todas as unidades vão se comunicar por ramais. E nós vamos montar uma central, que teremos a telefonista para fazer as conexões e eventuais ligações. Todas as conversas dentro da rede serão por ramais. Vamos colocar televisões em todas as unidades, com as imagens sendo transmitidas por essa rede, centralizadas para poder fazer uma divulgação da nossa ouvidoria. A partir do momento que tivermos essa centralização, nós vamos ganhar muito em agilidade. Além disso, todas as ligações serão centralizadas para poder fazer ligações externas. Tudo isso visando a redução de gastos. Nós gastamos hoje quase R$ 40 mil por mês em ligações telefônicas. A idéia é ter uma redução destes gastos.

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