Agência Brasil
Em 03/06/2011 às 08:47
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) sugeriu nessa quinta-feira (2) que o ministro-chefe da Casa
Civil, Antonio Palocci, se afaste do cargo. Ele deu a sugestão em discurso no
plenário do Senado, ao falar que nesta sexta-feira o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, deverá dizer sobre as explicações dadas por Palocci a respeito
do aumento recente de seu patrimônio. “Ministro Palocci, Vossa Excelência
deveria se afastar. Afaste-se do cargo, hoje ou amanhã”, disse.
O senador lembrou casos anteriores em que ministros da Casa Civil foram
afastados do governo, como na época do presidente Itamar Franco, em que o então
ministro Henrique Hargreaves, sob denúncias de irregularidades, deixou o cargo e
voltou após ter provado a sua inocência e encerradas as investigações. Simon
também citou o maior escândalo do governo Lula, em que o então ministro da Casa
Civil, José Dirceu, saiu do governo após denúncias de corrupção e a instalação
de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI).
Para o senador, Palocci está colocando a presidenta Dilma Rousseff em uma
“situação delicada”, que pode levar a uma CPI danosa para o governo. Além disso,
na opinião dele, o PT e o PMDB também têm tido cada vez mais problemas para
evitar que o ministro seja obrigado a comparecer ao Congresso para dar
explicações. “Meu amigo Palocci, já está ficando feio para o PT e o PMDB impedir
que Vossa Excelência venha depor no plenário ou em uma comissão, porque isso é o
normal. Nós estamos em uma democracia”.
Simon não é o primeiro senador da base aliada do governo a pedir a saída do
ministro da Casa Civil. A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) também exemplificou
o caso do ex-ministro Hargreaves como sugestão para que Palocci faça o mesmo. O
senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi outro com opinião idêntica a de Simon e
Ana Amélia Lemos e, inclusive, assinou o pedido de CPI para investigar
Palocci.
O secretário nacional de Comunicação do PT, André Vargas, disse ontem que as
explicações de Palocci ajudariam o governo a superar sua maior crise até o
momento. “Ele, indo a público, ajuda, não tem nenhum tipo de impedimento.
Ajudaria a superar a crise”, afirmou Vargas, que em seguida ressaltou que os
petistas não têm dúvida sobre a inocência do ministro.
Apesar disso, a posição do governo no Congresso continua a de aguardar o
pronunciamento do procurador-geral Roberto Gurgel a respeito das informações
fornecidas por Palocci. Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o discurso de
Simon não representa o pensamento da base aliada. “O Simon sempre foi de
oposição, nunca foi da base”, disse.
Para o senador piauiense Wellington Dias (PT), nas reuniões fechadas com a
bancada do PT no Senado e com correligionários, Palocci conseguiu convencer a
todos de que não houve ilegalidade na sua evolução patrimonial. Por isso, ele
deve falar publicamente sobre o assunto."Ele deu informações convincentes para
construção do seu patrimônio. Pessoalmente, vejo que, se foi possível convencer
a mim e a várias outras lideranças, como não é possível vir a público e
convencer a opinião publica", afirmou.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) também disse que o ministro Palocci é um
quadro importante do governo Dilma e que suas atividades de consultoria não
foram ilegais. “Não há ilícito se não há uma lei que previamente o defina. O
PMDB não vai participar de nenhuma conspiração para fragilizar, nem expor o
governo”, afirmou.