Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

O caso das ferrovias e a intermodalidade

Rubens Shirassu Jr.(*)

Em 20/10/2011 às 17:31

(Foto: Ilustração)

Dentre todos os modais de transporte a ferrovia tem se mostrado uma alternativa em potencial, para melhorar o sistema de carga no Brasil. Entretanto, para que o setor se torne mais competitivo, há a necessidade de investimentos, tanto dos setores público quanto do privado, pois assim o País poderá atender melhor a seus clientes internos e externos. O transporte é um dos principais elementos que influenciam as composições dos custos logísticos e ainda a movimentação de fretes que absorve de um a dois terços do total dos mesmos. A Nação passa por um momento de transição quanto às possibilidades de utilização de mais de um modal na movimentação de cargas por toda a cadeia de suprimentos. Isto ocorre, principalmente, pelo processo de privatizações de ferrovias, portos e execução de obras de infraestrutura.

Mesmo com a grande perda de competitividade no século 20, aos poucos o modal ferroviário vem sendo utilizado como uma alternativa na intermodalidade. No mundo de hoje, torna-se imprescindível que as empresas disponibilizem seus produtos (desde a matéria-prima até o produto final) para seus clientes. de maneira rápida e adequada, a fim de promover maiores níveis de rentabilidade e de serviços para seus clientes, usando ferramentas como o planejamento, organização e controle de atividades de movimentação e armazenagem. O transporte ferroviário ainda é pouco utilizado no que se refere a cargas em geral, decorrente da falta de investimentos no setor, entretanto, após as privatizações ocorridas em 1996, o serviço passou a ter um melhor desempenho, porque as concessionárias investiram cerca de R$ 6 bilhões, destinados à qualidade operacional do sistema, capacitação de pessoal, novas tecnologias e equipamentos, que resultaram em maior participação das ferrovias na movimentação de cargas no País, passando para 24% contra 19% que detinha o setor em 1999.

Infelizmente, esses investimentos representam uma pequena porcentagem no modal ferroviário, e muitos problemas precisam ser superados, pois a cada dia o mesmo vem ocupando um espaço de destaque no cenário de transporte. O Brasil, como um país de dimensões continentais, torna-se um paradoxo privilegiar apenas um modal de transporte, no caso, o sistema rodoviário. À medida que o País cresce, a demanda de carga exige que o transporte ferroviário venha a somar e ser uma alternativa não apenas viável, mas, essencialmente, estratégica para suportar esse crescimento. Porém, ainda há muito a ser feito, pois o sistema foi deixado de lado por muitas décadas e sua recuperação é demasiadamente lenta. Para chegar à tamanha distorção deve-se atribuir às opções estratégicas equivocadas realizadas, no mínimo, há 50 anos.

A pesquisa da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF) indica uma necessidade de investimentos de R$ 11,3 bilhões em um período de cinco anos, dos quais R$ 7,1 bilhões do setor privado e R$ 4,2 bilhões da União, permitindo um aumento de 57% na capacidade de oferta do transporte ferroviário de carga e um ganho de seis pontos percentuais na matriz de transporte. Um entrave que impossibilita o desenvolvimento do modal ferroviário na matriz de transporte seria a falta de investimento do Governo em infraestrutura, tais como: terminais para o transbordo de cargas, a recuperação de trechos da malha ferroviária, em vagões e locomotivas, e uma política tributária para resolver os problemas fiscais entre os estados.

O mesmo acontece em relação à intermodalidade no Brasil, pois a lei que regulamenta o serviço (Lei Nº 9611, de 19 de fevereiro de 1998, regulamentada pelo Decreto Nº 3411, de 13 de abril de 2000.) não está sendo efetivamente aplicada, causando barreiras em relação às negociações e fechamento de contratos, impedindo um desenvolvimento maior do setor. Conclui-se que, tanto a intermodalidade como todo o sistema de transporte nacional, principalmente a ferrovia, necessitam de altos investimentos para atender toda a demanda de importação e exportação, pois a estrutura atual que utiliza maciçamente o modal rodoviário, já não comporta o volume de mercadorias transportadas. Os embarcadores encontram dificuldades para o escoamento de suas cargas, sendo que as rodovias estão saturadas e em condições precárias, situação que aumentam o valor do seguro, os riscos de acidentes, roubos de cargas, além dos custos logísticos no transporte.

(*) Rubens Shirassu Jr. é designer gráfico e escritor
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