Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

"Afinidades", novo artigo de João Bosco Leal

*João Bosco Leal

Em 08/03/2013 às 14:57

Além de observar muitas pessoas passar pelos mais diversos tipos de experiências de vida, tenho pessoalmente sentido que os relacionamentos humanos são os que possibilitam a maiores diversidades e dificuldades.

Amizades verdadeiras, por serem raras, normalmente só promovem alegria, boas lembranças e momentos de felicidade. Entretanto, quando por algum ou muito tempo uma pessoa se comporta como amigo e posteriormente mostra que na realidade não era, provoca enorme decepção e frustração pelo que a ela dedicamos.

Os relacionamentos amorosos, principalmente no início, antes do aparecimento das discordâncias comum entre duas pessoas, também nos dão muito prazer.

Quando ocorrem, inicialmente tudo gira em torno dos sorrisos, gentilezas, amabilidades, até que vai se acalmando, aproximando-se mais da realidade, e os olhos antes vendados pela paixão vão se abrindo, enxergando particularidades, detalhes.

A partir da extinção da paixão, é bem possível que ocorra um afastamento gradual que levará ao término do mesmo ou, bem mais raro, que esta vá se transformando em algo bem mais maduro e profundo, o verdadeiro amor.

Entre os de mesmo sangue, pais e filhos, avós e netos, tios e sobrinhos, irmãos, primos e primas, as maiores ou menores discordâncias é que vão determinando as afinidades que existirão entre os mesmos, desde a infância até o final de suas vidas, mas aquele tipo de afinidade que leva a uma amizade verdadeira ocorre bem mais facilmente entre pessoas sem nenhum vínculo familiar do que entre parentes.

E quando menos se espera ocorrem surpresas nessa área, pois as pessoas se decepcionam com determinadas atitudes - ou falta delas -, por parte daqueles que imaginavam serem amigos e outros que não imaginávamos surgem, como que do nada, e se tornam verdadeiros amigos.

Quando, em decorrência de um acidente, estive de cama por dois anos, pude sentir isso com muita clareza. As surpresas ruins em relação ao que imaginava fossem amigos foram várias, mas foram facilmente superadas pelas boas dos que não imaginava, surgiram e que, por serem mais verdadeiras, permaneceram.

Como na parábola do trem, dessa forma muitas pessoas entram nos vagões de nossa vida e, livremente, fazem suas opções, escolhendo a estação para descer, se continuarão ou não viajando conosco, e por quanto tempo. Alguns estarão ao nosso lado por um breve período, entre uma e outra parada, mas outros poucos permanecerão por um período bem mais longo, acompanhando-nos nas subidas e descidas, nas retas e curvas, nos climas de verão ou inverno.

Mesmo que durante a viagem ocorram algumas discordâncias, com o tempo o passado será esquecido e as dores desaparecerão. Sem pressa, observando e sendo pacientes, notaremos que aqueles que tiverem de ficar ficarão e os que não forem verdadeiros naturalmente nos deixarão.

Assim, apesar de por um período muitos estejam por perto, ao nosso lado acabam ficando somente os mais importantes, aqueles por quem – reciprocamente -, mais sentimos afinidades. Serão poucos, mas com eles perceberemos possuir interesses, objetivos e parâmetros morais comuns, o que, independentemente do tipo de relacionamento, facilitará muito a convivência e a permanência dessa união.

Durante a vida sempre teremos mais segurança e prazeres, ao lado de quem possuímos mais afinidades.

*João Bosco Leal é jornalista e empresário

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