Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Docente fala sobre "comemoração da corrupção" em artigo

*Ulysses Telles Guariba Netto

Em 15/04/2013 às 13:10

O ano novo começou com a posse dos novos prefeitos. Susto dos novatos com o descalabro das administrações municipais. Herança maldita recebida de prefeitos que deixaram o cargo sob o peso da Lei de Responsabilidade Fiscal que deve cobrar seu tributo mais para frente. De lá para cá, para iniciar o ano, dançamos o Carnaval com a dura realidade da quarta-feira de cinzas. Atravessamos penitentes a quaresma e a apoteose do domingo da ressurreição. Nas nossas melhores tradições, tudo pronto para começar um novo ano...

Enquanto corriam as festas, novas tendências começaram a delinear-se nos horizontes da vida política nacional. Muita coisa aconteceu neste primeiro trimestre. Dilma tremeu nas tamancas e engoliu a seco - coisa que Lula não enfrentou - um “pibinho” mixuruca de menos de 1% de crescimento econômico em 2012. Rabeira de todos os países da América Latina e comendo poeira dos países emergentes. Ficou claro que as perspectivas para 2013 e 2014 não são nada boas...

A resposta da Dilma veio com a intensificação das campanhas publicitárias, pagas com nosso dinheirinho, com objetivo explicito de criar um clima otimista com pronunciamentos incessantes nos meios de comunicação para o povão e com propaganda exaustiva dos marqueteiros do planalto. Tudo para tornar opacos os desmandos da política econômica e o mau desempenho da economia que comprometem o cenário eleitoral de 2014. Com destaque, nesta epifania, para a atuação do marqueteiro João “Bafo de Onça” Santana, como era conhecido em outros tempos na política paulista, erigido agora no Oráculo de Delos nordestino do governo petista.

A coisa anda meio esquisita. Desarranjos profundos, insatisfações de toda ordem no imenso partido da base aliada – aquela multidão de 300 picaretas como, em outros tempos, Lula designava seus colegas de Câmara Federal. Bom lembrar que, como parlamentar, Lula foi a mais completa nulidade. A confusão armada pelo estilo suave dos gritos e humores de Dilma fez renascer Lula que surgiu no pedaço para assumir de vez a articulação política do governo. Dilma enfiou a viola no saco. Abdicou das responsabilidades do cargo e capitulou diante de seu guru...

Lula estava na muda, silencioso como uma lagartixa, depois do último escândalo, quando a assessora paulista de escrivaninha e cama foi apanhada com a boca na botija. Juntamente com diversos comparsas, amigos do condenado Zé Dirceu, vendiam pareceres a preço de ouro de órgãos públicos federais. Bandalheira das grossas. Lula finge que nada sabe e volta à ativa.
A grande tensão brota hoje das relações entre a economia e a política. O governo acreditou que a desaceleração da economia era resultante da crise internacional, “quando as raízes são, na verdade, mais profundas e locais”, como mostram Alexandre Schwartsman, Raul Velloso, Mendonça de Barros, Armínio Fraga e outros. “Crescemos nos últimos anos com base na expansão do consumo e na ocupação da mão de obra desempregada, com pouca ênfase no investimento e da expansão da produtividade”.

Resumo da ópera: esgotou-se o modelo de crescimento alavancando na expansão do consumo. Será necessário converter os incentivos ao consumo para investimentos que possam alterar a competitividade da economia brasileira. O cenário torna-se muito mais complicado quando o dragão da inflação cresce sem controle da política econômica e estende seus tentáculos por todos os ramos da economia. Surpreendente é não haver estratégia para enfrentar os novos tempos. A política econômica foi substituída por expedientes macro-econômicos que se mostram ineficazes. Recusa de aumentos das tarifas de combustíveis, que quebra a Petrobrás. Apelos para corte das tarifas de energia elétrica, que joga a Eletrobrás na lama. Desoneração dos impostos da cesta básica, que provoca um repique de preços nas últimas semanas. Ações ineficazes quando a política fiscal é expansionista. Quer dizer: o governo federal está subjugado pela orgia de gastos para acalmar aliados e cúmplices e manter a cabeça acima do nível da água para enfrentar 2014.

A aflição passa da economia à política. A base aliada paquidérmica começa a rebolar. As oposições começam a testar seus canhões, de um lado Aécio Neves com seus aliados, de outro lado Eduardo Campos garimpando seu espaço. O clima político provoca longas conversas dos petistas. De súbito, voltam aos ministérios os trambiqueiros afastados no ano passado. Os aliados de Lula: PSC, PR, “et caterva”. Como anotou o nosso Senador Aloysio Nunes Ferreira: “Sairam pela porta e voltaram pela janela”. Expulsos e convidados por Dilma, no grande festim da corrupção...    
                       

*Ulysses Telles Guariba Netto é professor aposentado da USP

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