Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Moscas varejeiras carregam alta porcentagem de bactérias que causam doenças

Agência Fapesp

Em 25/08/2014 às 18:16

Entre as bactérias encontradas nos corpos dos insetos estavam a Yersinia pestis, causadora da peste bubônica

(Foto: Divulgação)

Cerca de 30% dos microrganismos encontrados em moscas varejeiras são capazes de causar doenças em seres humanos, revelou um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da PennState University, dos Estados Unidos, e da Nanyang Technological University, de Cingapura.

Entre as bactérias encontradas nos corpos dos insetos estavam a Yersinia pestis, causadora da peste bubônica, a Helicobacter pylori, associada ao surgimento de gastrite, úlcera e câncer de estômago, e diversas espécies que podem provocar gastroenterite, pneumonia e infecções urinárias.

Os dados foram apresentados por Ana Carolina Martins Junqueira, pesquisadora do Singapore Centre on Environmental Life Sciences Engineering (Scelse), de Cingapura. “Todo mundo sabe que moscas são insetos sujos, mas o índice de bactérias patogênicas foi tão alto que ficamos assustados. É o microbioma mais patogênico já descrito. Vamos iniciar agora alguns experimentos para descobrir se elas apenas transportam os microrganismos ou se podem, de fato, transmitir essas doenças para as pessoas ao pousar na comida, por exemplo”, conta.

Os cientistas analisaram a microbiota encontrada no corpo de 127 moscas, de 19 espécies que costumam ser atraídas por matéria orgânica em decomposição. Os insetos foram coletados em 12 locais diferentes do Brasil e dos Estados Unidos.

Nos arredores de Campinas, a coleta foi feita em um hospital público, um mercado de comidas, um parque de área urbana e um lixão. Também foram realizadas coletas em uma reserva natural da Floresta Amazônica e em seis estábulos de diferentes espécies de animais criados no campus da PennState University, em University Park, Pennsylvania. Uma linhagem foi mantida em um laboratório do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG/Unicamp) como controle.

“O grande problema é que esses insetos comutam facilmente entre um ambiente sujo, como um lixão, e o churrasco das nossas casas. Nas moscas coletadas dentro do hospital, por exemplo, encontramos bactérias responsáveis por dois terços das infecções hospitalares do mundo”, diz.

Além das bactérias patogênicas para humanos, acrescentou a pesquisadora, também foram encontradas espécies que podem causar doenças em animais e em plantas. “Defendemos a hipótese de que esse tipo de inseto pode ser usado como sensor ambiental e ajudar a predizer surtos, principalmente em regiões de fronteira, portos, aeroportos. Poderíamos monitorar a contaminação dos ambientes por meio da análise do microbioma das moscas”, afirma a pesquisadora.

Aedes

Atualmente no Singapore Centre on Environmental Life Sciences Engineering, Schuster e Junqueira estão usando a mesma abordagem criada no estudo com moscas varejeiras para investigar o microbioma do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.

“O objetivo é ver se há diferença entre os microrganismos encontrados em mosquitos infectados pelo vírus da dengue e os não infectados. O estudo ainda está no começo e, por enquanto, só trabalhamos com espécimes de laboratório. Mas já vimos diferenças entre as bactérias existentes nesses dois grupos”, explica a pesquisadora.

No futuro, os cientistas pretendem investigar a possibilidade de inibir a infecção do mosquito pelo vírus por meio da modulação do microbioma existente em seu corpo.

Compartilhe
Notícias Relacionadas

Telefone: 18-98122 7428

© Portal Prudentino - Todos os direitos reservados.