Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

"Definições", novo artigo de João Bosco Leal

*João Bosco Leal

Em 08/05/2015 às 07:50

Nos mais diversos tipos de relacionamentos, de amizades, namoros, casamentos ou entre familiares, é facilmente possível perceber como as pessoas reagem de forma totalmente distinta diante de uma mesma situação.

Estabilidade financeira, filhos, netos, regras ou até os mais diversos comentários de rodas sociais não deveriam ser motivos para que pessoas fiquem unidas apesar de infelizes.

Entretanto, é comum ver pessoas que por motivos econômicos, políticos, inconfessáveis, inexplicáveis ou quaisquer outros, se acomodaram em situações nas quais certamente elas mesmas não gostariam de permanecer, mas aparentemente assim se mantém apesar de muitas vezes até se detestando.

Outras possuem uma incrível capacidade de apertar aquele famoso botão de finalização radical, o do foda-se, e o acionam sem a menor cerimônia, sempre que se sentem em situações desconfortáveis, acabando definitivamente com uma situação que as incomodava.

Independentemente do tipo de reação ou da situação de cada um, ao fim de cada página do livro diário de nossas vidas é necessário virá-la para podermos continuar nele escrevendo, ou ela será tão rasurada que depois de algum tempo, nem mesmo nós conseguiremos entendê-la.

Em seu texto Casos inacabados, o autor Ivan Martins fala sobre pessoas que - mesmo após o término de algum tipo de relacionamento - permanecem em nossas vidas por não havermos, efetivamente, colocado um ponto final em relação a elas.

Como exemplo cita o casal que termina uma relação, mas o saudosismo, a intimidade e o desejo, provocam situações de sexo que até satisfazem a fome, mas não a saciam realmente e ainda podem causar dor de barriga.

Finalizado um namoro, caso ou casamento, normalmente ocorrem momentos de indecisões, com tentativas válidas de reaproximação por um dos lados, porque muitos sentimentos permanecem, mas quando não são correspondidas, são infrutíferas, devem ser interrompidas, cessadas definitivamente.

Nessas ocasiões não importa quem amou, se deu, tentou, foi mais ou menos companheiro, e sim que as pessoas já não estão mais em sintonia sobre o caminho que pretendem seguir e, portanto, devem continuar por rumos diferentes, deixando como único elo entre eles os filhos, se existirem.

Todos os outros laços que os uniam, como bens patrimoniais, moradia, conta corrente bancária conjunta, atividades comerciais em que eram sócios ou uma simples caixa postal eletrônica compartilhada, devem ser definitivamente rompidos ou um verdadeiro afastamento não ocorrerá e nenhum novo relacionamento será bem sucedido sem que aquele esteja completamente resolvido, com todos os seus elos rompidos, pois sempre existirão pendências em relação ao passado.

Uma nova caminhada só será possível se realmente ocorrer um ponto final na anterior e, apesar de muitas vezes dolorosa, aquela página for virada.

Ao permanecer unidas em um relacionamento quando já não é o desejam, as pessoas jamais serão ou farão felizes seus amigos, sócios, namorados, companheiros, esposas ou maridos, pois o único motivo que certamente promove a felicidade é o desejo recíproco de continuar juntos.

O bem querer, a amizade, a paixão ou o amor jamais promoverão ou nos darão felicidade se não forem correspondidos.

Ao fim de cada etapa da vida, vire a página, mesmo que para isso necessite apertar seu botão mais radical.

*João Bosco Leal é jornalista, escritor e produtor rural
 

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