Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Taxa de doadores efetivos de órgãos ainda está longe do ideal

Agência Brasil

Em 23/08/2016 às 10:10

Brasil tem mais de 33 mil pessoas na fila esperando por um transplante

(Foto: Cedida/AI/HR)

O número de doadores efetivos de órgãos no Brasil subiu de 13,1 por milhão de habitantes para 14 por milhão no segundo trimestre deste ano, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

“Essa taxa de doadores efetivos vinha caindo ao longo de 2015, se estabilizou no primeiro trimestre de 2016 e começou a subir agora, no segundo trimestre deste ano”, diz o coordenador da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO, José Lima Oliveira Júnior.

Apesar do aumento, o número de doadores efetivos ficou abaixo do esperado para o período, de 16 por milhão de habitantes, e longe do considerado ideal. Além disso, os transplantes feitos caíram no segundo trimestre, assim como o total de potenciais doadores, principalmente nos Estados mais populosos do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Os dados são levantados pela ABTO e pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.

O número de brasileiros na fila aguardando um órgão aumentou este ano em comparação ao primeiro semestre de 2015, de 32 mil pessoas para 33.199. Em números absolutos, a maior fila é para receber córneas e rim, seguida de fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino.

Tendência revertida

Segundo Oliveira Júnior, os cinco anos anteriores a 2015 registraram tendência de melhora nos números de potenciais doadores, de doadores efetivos e de transplantes realizados, com redução da fila de espera. No ano passado, no entanto, a tendência se reverteu, com piora em todos os indicadores do setor.

“Basicamente, [houve] uma desorganização do sistema”, segundo o coordenador, que citou atrasos no pagamento aos hospitais, contratos desfeitos e não renovados e falta de reajuste dos procedimentos como causas da piora dos resultados. As consequências, segundo ele, foram a queda no número de equipes que fazem os procedimentos e a redução da quantidade de transplantes.

De acordo com Oliveira Júnior, é preciso desfazer alguns mitos sobre a doação de órgãos que levam as famílias a recusar a possibilidade de transplante diante da morte de um parente. Levando em consideração a característica de solidariedade dos brasileiros, o especialista acredita que a taxa de doadores efetivos pode crescer se houver maior esclarecimento da população.

Infraestrutura

Segundo a ABTO, os Estados Unidos têm hoje uma taxa de doadores efetivos de 25 a 30 por milhão. Entretanto, embora haja um número grande de potenciais doadores, a maioria tem idade avançada e problemas como hipertensão e diabetes, o que pode inviabilizar o transplante.

Já os potenciais doadores no Brasil são jovens, vítimas de violência, de traumas e acidentes de automóvel, em geral, que eram saudáveis até a ocorrência desses episódios, o que favorece o aproveitamento dos órgãos. “Nós precisamos aumentar nosso aproveitamento”, destacou Oliveira Júnior.

Nem todos os órgãos doados podem ser aproveitados. No último semestre, 71% dos órgãos doados no Brasil não puderam ser utilizados porque o processo exige uma série de cuidados e infraestrutura para que os órgãos possam ser removidos e os transplantes feitos. “O doador precisa ser mantido em um ambiente adequado, precisa de ventilação mecânica, de medicamentos para ajustar a pressão, de infraestrutura que permita manter a temperatura do corpo, precisa de reposição hormonal, muitas vezes de transfusão de sangue, de dieta enteral”, lista o médico.

Muitas vezes, o local onde o doador está não tem a infraestrutura necessária e quando a equipe chega para fazer a remoção do órgão, ele não é mais viável. “É preciso melhorar esse sistema”, encerra.
 

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