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Restrição calórica pode ser benéfica para o cérebro, aponta estudo

Agência Fapesp

Em 26/09/2016 às 12:48

Estudos com diferentes espécies animais sugerem haver uma relação entre comer menos e viver mais

(Foto: Ilustração)

Estudos com diferentes espécies animais sugerem haver uma relação entre comer menos e viver mais. Porém, ainda não são bem compreendidos os mecanismos moleculares pelos quais a restrição calórica pode proteger contra doenças e aumentar a longevidade.

Novas pistas para ajudar a solucionar o mistério foram apresentadas em artigo publicado na revista Aging Cell, pela equipe do Centro de Pesquisa em Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs).

Por meio de experimentos in vitro e in vivo, os cientistas observaram que uma redução de 40% nas calorias da dieta aumenta a capacidade da mitocôndria (organela celular responsável pela produção de energia) de captar cálcio em algumas situações nas quais o nível desse mineral no meio celular encontra-se patologicamente elevado.

No cérebro, isso pode ajudar a evitar a morte de neurônios associada a doenças como Alzheimer, Parkinson, epilepsia e acidente vascular cerebral (AVC), entre outras. “Mais do que promover as vantagens de comer pouco, nosso objetivo é compreender os mecanismos que fazem com que não exagerar na ingestão de calorias seja melhor para a saúde. Isso pode apontar novos alvos para o desenvolvimento de drogas contra diversas enfermidades”, comentou Ignacio Amigo, autor principal do artigo.

Conforme explicou o pesquisador, o cálcio é uma molécula que participa do processo de comunicação entre os neurônios. "Porém, doenças como o Alzheimer podem causar uma superativação dos receptores para o neurotransmissor glutamato nos neurônios, resultando em uma entrada excessiva de íons de cálcio na célula. Tal condição é conhecida como excitotoxicidade e pode causar danos e até mesmo a morte de neurônios", fala.

Com o objetivo de verificar o efeito da restrição calórica em uma condição de excitotoxicidade, os cientistas do Redoxoma compararam dois grupos de camundongos. O controle recebeu ração à vontade durante 14 semanas e, no final do experimento, estava com excesso de peso. O outro grupo experimental, durante o mesmo período, recebeu uma quantidade de ração controlada, com redução de 40% nas calorias ingeridas.

“Calculamos quantas calorias, em média, os animais controle ingeriam diariamente e oferecemos para os demais 40% a menos. Eles não ficavam abaixo do peso, estavam saudáveis, mas suplementamos com algumas vitaminas e minerais que ficariam abaixo do ideal com a diminuição na quantidade de comida”, explica.

O primeiro teste consistiu em injetar nos animais uma substância chamada ácido kaínico, molécula análoga ao neurotransmissor glutamato e com efeito semelhante (induzir a entrada de cálcio nos neurônios), porém mais persistente. Em camundongos, a droga pode provocar convulsões, dano e morte de células neuronais. É usada em laboratório para mimetizar a epilepsia.

“Usamos uma dose pequena para não causar a morte do animal. Ainda assim, todos os roedores do grupo controle tiveram convulsões. Já os camundongos submetidos à restrição calórica ficaram bem”, pontua.

Segundo o pesquisador, estudos anteriores haviam mostrado que é possível proteger o cérebro de danos causados pelo excesso de cálcio induzindo um aumento na captação desse mineral pelas mitocôndrias.

“Decidimos então verificar, in vitro, se era o que estava acontecendo em nosso modelo. Isolamos as organelas do cérebro de ratos – também comparando roedores que comeram à vontade com aqueles submetidos à restrição de 40% das calorias. À medida que adicionávamos cálcio no meio, foi possível observar que a captação era maior nas mitocôndrias do grupo que ingeriu menos calorias”, conta.

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