Agência Fapesp
Em 02/06/2017 às 11:44
Cerca de 28% dos bebês nasceram com alterações neurológicas leves, mas nenhum caso de microcefalia foi registrado
(Foto: Dr.Sharon Pruitt/PinkStock Photos/Wikimedia Common)
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) têm acompanhado há cerca de um ano um grupo de 55 mulheres que tiveram diagnóstico confirmado de Zika durante a gestação. Todas levaram a gravidez até o final. Os bebês nasceram e nenhum caso de microcefalia ou de qualquer alteração neurológica grave foi identificado.
Os dados foram apresentados pelo professor da Famerp, Maurício Lacerda Nogueira. “Cerca de 28% dos bebês apresentaram alguma alteração no nascimento, como pequenas calcificações no cérebro, pequenas lesões em vasos cerebrais, surdez unilateral ou danos à retina. Alguns deles apenas tinham o vírus no organismo, mas não apresentavam sintomas. E nenhuma alteração neurológica mais grave foi observada”, diz.
Como pontuou o pesquisador, todas a crianças incluídas no estudo teriam sido consideradas normais pelos serviços de saúde e não teriam os sintomas identificados se não estivessem participando de um protocolo de pesquisa.
O padrão observado em São José do Rio Preto, segundo Nogueira, é muito diferente do que tem sido verificado em estados da região Nordeste ou mesmo no Rio de Janeiro.
Em busca de respostas
De acordo com Nogueira, a primeira hipótese aventada para explicar desfechos gestacionais tão discrepantes foi a existência de populações do vírus geneticamente diferentes no Brasil.
“Essa hipótese já foi afastada, pois trabalhos recentes mostraram que a diversidade do Zika ainda é pequena nas América. Basicamente, o vírus que circula aqui em Rio Preto é o mesmo encontrado na Bahia ou no Rio de Janeiro. Portanto, se a diferença não está no vírus, deve estar no hospedeiro humano. Algum fator genético pode estar conferindo proteção a certas pessoas ou, talvez, a exposição prévia a outros vírus”, fala o professor da Famerp.
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