Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Dieta pobre em proteína na gestação aumenta risco de câncer de próstata

Agência Fapesp

Em 02/08/2018 às 15:10

Modelo usado no laboratório de Justulin consiste em alimentar fêmeas prenhes com uma ração contendo apenas 6% de proteína

(Foto: Arquivo/Vinícius Marinho/Fiocruz)

Filhos de mães alimentadas com uma dieta pobre em proteínas durante o período de gestação e lactação correm risco consideravelmente maior de desenvolver câncer de próstata ao envelhecer. Foi o que constatou um estudo feito com ratos no Instituto de Biociências (IBB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu. Os resultados da pesquisa foram divulgados no The Journals of Gerontology.

“Observamos em estudo anterior que a exposição intrauterina à dieta hipoproteica prejudica o desenvolvimento da próstata. Agora, comprovamos que esse efeito registrado no pós-natal aumenta a incidência de doenças prostáticas quando esses indivíduos envelhecem”, fala Luis Antonio Justulin Junior, professor do IBB-Unesp e coordenador do estudo.

O modelo usado no laboratório de Justulin consiste em alimentar fêmeas prenhes com uma ração contendo apenas 6% de proteína. O alimento normalmente oferecido a ratos de laboratório tem entre 17% e 23% desse nutriente. “Dados da literatura indicam que o porcentual mínimo necessário para a rata levar a gestação sem problemas é 12%”, diz Justulin.

As fêmeas prenhes incluídas na pesquisa foram divididas em três grupos. O controle recebeu a ração padrão, com pelo menos 17% de proteína, durante toda a gestação e 21 dias após o nascimento – período de lactação.

A partir do desmame, os filhotes também foram alimentados com a dieta padrão. Na avaliação feita quando a prole completou 540 dias de vida, quando já são considerados ratos velhos, os pesquisadores não observaram nenhum caso de tumor prostático.

O segundo grupo de fêmeas recebeu a ração com 6% de proteína durante a gestação apenas. Após o nascimento, passou a se alimentar com a dieta padrão, assim como os filhotes depois do desmame.

Na avaliação dos 540 dias, 33% dos descendentes machos haviam desenvolvido câncer de próstata. No grupo três, exposto à dieta hipoproteica durante todo o período de gestação e também de lactação, o índice de descendentes afetados por tumores na próstata foi de 50%.

“Fizemos a análise histopatológica nas glândulas desses animais e, em todos os grupos, encontramos alterações pré-neoplásicas que podem interferir na função glandular, como hiperplasia, atrofia epitelial e neoplasia interepitelial – esta última com potencial para se tornar um carcinoma, segundo dados da literatura científica. Mas somente nos animais expostos à dieta hipoproteica na vida intrauterina observamos o desenvolvimento do câncer propriamente dito”, comenta.

A hipótese que os pesquisadores agora tentam comprovar é que a exposição desse animal de idade avançada aos níveis hormonais alterados favorece a carcinogênese, ou seja, o desenvolvimento tumoral.

“Nós observamos isso na próstata, mas há outros estudos mostrando correlação entre o baixo peso no nascimento induzido por restrição nutricional intrauterina e alterações nos níveis de insulina, maior incidência de síndrome metabólica e doenças cardíacas”, finaliza.
 

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