Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Produtores do Oeste Paulista projetam produção de algodão

Da Redação

Em 22/08/2018 às 17:37

No estudo ligado aos sistemas de semeadura convencional e direta do algodoeiro, destacou-se que a importância do manejo pensando para o uso eficiente da água

(Foto: Gabriela Oliveira/AI Unoeste)

“O mercado do algodão tem cenário muito bom. Enquanto a soja e o milho, principais concorrentes da cultura no Brasil e no mundo estão com valores não tão atrativos, os preços do algodão apresentam uma tendência melhor. Para a próxima safra (2018/2019), a área de produção no Brasil será mantida, já que a cotonicultura é uma das mais rentáveis que se tem hoje”.

A análise econômica é feita por Lucilio Rogerio Aparecido Alves, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
 
Tais aspectos foram expostos por Alves, no Encontro de Cotonicultores do Oeste Paulista, realizado em Martinópolis. A ação foi promovida pela Associação Paulista dos Produtores de Algodão (Appa) em parceria com a Unoeste, por meio do Grupo de Estudos do Algodão (GEA).
 
O pesquisador que atua principalmente nos temas ligados à gestão do negócio agropecuário, comercialização agrícola, economia agrícola e métodos quantitativos, comenta que essa projeção positiva animou os produtores do hemisfério norte que já semearam a safra 2018/2019. “Em países como os Estados Unidos e China, a colheita será agora no segundo semestre. Aqui no Brasil, estamos nos preparando para essa safra em que, boa parte, já foi vendida pelos produtores nacionais”.
 
Alves ressalta ainda, que haverá outros momentos em que os preços do algodão não serão tão atrativos. “Temos um excedente interno de 1,5 milhões de toneladas. Segundo estimativas preliminares, dessa quantidade será exportada 1 milhão de toneladas e as outras 500 mil serão destinadas para um consumo doméstico que necessitará de 750 mil toneladas. Ou seja, vamos iniciar 2019 com o equivalente a 2/3 de uma demanda interna, o que deve fazer com que os preços caiam pontualmente, até que se consiga ritmo de exportação”.
 
Se isso por um lado assusta os produtores, por outro, abrirá oportunidades aos compradores. “Para os cotonicultores do oeste paulista que estão planejando a safra 2018/2019, acredito que seja o momento de se fazer as vendas antecipadas para o próximo ano, pois os patamares preliminares dos contratos estão muito atrativos e, isso pode ser bom também, para travar os custos de produção por meio da negociação dos insumos ou parte deles, garantindo assim, a rentabilidade”, afirma Alves.
 
Outras abordagens também foram apresentadas ao público que contou com a presença de acadêmicos, produtores e profissionais de agrárias. O professor Dr. Fábio Echer trouxe uma análise da safra 2017/2018 e os desafios futuros. Argumenta que, o Oeste Paulista possui condições muito boas para o algodão, sendo que, o planejamento para o plantio da cultura é essencial.
 
Echer também forneceu orientações sobre o manejo do algodão, preparação do solo e o controle do Anthonomus grandis, nome científico para o conhecido bicudo que é a principal praga do algodoeiro.

“Aqueles que pretendem plantar em áreas arrendadas sugiro que façam a calagem/gessagem e o preparo convencional em setembro, além do estabelecimento de uma planta de cobertura como o milheto ou a crotalária. Já os produtores que plantam em áreas próprias, recomenda-se a irrigação, o plantio do milho consorciado com gramínea e leguminosas, e o estabelecimento de uma espécie de cobertura após a colheita como as braquiárias, milheto, aveia preta ou tremoço”, diz.
 
O professor pontuou ainda, sobre a importância da escolha da área de cultivo e a definição das cultivares que precisa levar em conta a época de plantio e a população das plantas. “Aproveitei esse momento para falar sobre os Grupos Técnicos do Algodão [GTAs] que funcionam muito bem no Estado do Mato Grosso e são divididos em núcleos. Periodicamente, os produtores se reúnem para discutirem os problemas ligados à cultura. Acredito que essa proposta pode ser criada com um modelo adaptado para o oeste paulista, contribuindo ainda, para a movimentação da economia regional”.
 
Pesquisas

Os integrantes do Grupo de Estudos do Algodão (GEA) expuseram os resultados de alguns estudos desenvolvidos. Na pesquisa com 16 cultivares do algodão, a intenção foi avaliar qual das variedades possui potencial produtivo mediante as características específicas do clima e solo.

Apresentou-se ainda, uma experimentação realizada por dois anos sobre o manejo de potássio, por meio de tratamentos com e sem cobertura de solo feita com a braquiária. Nesse caso, afirmou-se que a boa adubação atrelada à cobertura do solo e escolha das variedades são positivas para a produtividade da cultura.
 
No estudo ligado aos sistemas de semeadura convencional e direta do algodoeiro, destacou-se que a importância do manejo pensando para o uso eficiente da água. Abordou-se ainda, um estudo que focou o plantio direto e a rotação de culturas no cultivo do algodão, além da microbiologia do solo voltada para o controle dos nematoides que são vermes presentes nos solos arenosos.

Nesse momento, a docente de Agrárias da Unoeste, Dra. Rita de Cássia Lima Mazzuchelli esclareceu sobre a importância dos nematoides nos solos, já que eles não podem ser exterminados, mas sim, controlados por meio de um manejo mais eficiente.
 
Echer aproveitou para destacar que existem muito outros trabalhos desenvolvidos. “A nossa principal intenção é que essas pesquisas contribuam de forma eficiente com a cotonicultura. Por isso, nos preocupamos em levar o conhecimento técnico aos produtores, antes mesmo, dessas informações serem publicadas no meio científico”.
 
Dentre os produtores presentes na plateia estava Lucas Carneiro Cordeiro de Martinópolis. Ele conta que o seu pai Antonio cultiva algodão há 34 anos. “Todas as apresentações foram muito boas, pois nos permitiram tirar nossas dúvidas e ter um contato direto com pesquisadores da área”.

Bruno Garcia de Sá de Osvaldo Cruz, planta algodão há três anos. “Essas orientações foram importantes, principalmente porque tivemos problemas com bicudo e precisamos fazer o monitoramento e o controle dessa praga, bem como, outras indicações importantes para o manejo da cultura”, conclui.

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