Obesidade: antibióticos podem ter ligação com ganho de peso

“A amoxicilina é o antibiótico mais receitado pelos pediatras e estudos apontam que existe uma relação entre o uso desse tipo de medicamento e a obesidade, especialmente em crianças”. A afirmação é do Dr. Fernando De Sá Del Fiol, que pesquisa a antibioticoterapia há 25 anos.

Segundo Del Fiol, a ligação entre os dois aspectos é relativamente nova. “Essas evidências alertam que crianças com até três anos, tratadas com antibióticos, possuem um risco maior de desenvolverem a obesidade. São dados preocupantes, ainda mais quando se refere a um remédio que você não pode abrir mão dele, por exemplo, não tem como tratar a otite ou pneumonia sem o antibiótico”, diz.

Ele explica que esse medicamento interfere na microbiota, antigamente conhecida por flora intestinal. “Antibióticos com ampla absorção estomacal não matam somente as bactérias que provocam doenças, mas também àquelas presentes nessa parte do nosso organismo, provocando desiquilíbrios que podem levar ao ganho de peso”, fala.

Destaca que o papel do farmacêutico é conhecer o medicamento e as relações que ele possui com o ser humano, para que o remédio possa ser um amigo e não um inimigo. Acrescenta ainda que o grande desafio desse profissional é empregar o antibiótico minimizando os seus riscos e orientando os pais sobre os seus possíveis efeitos.

“A atenção maior tem que ser com os macrolídeos e a amoxicilina. Mas como será possível fazer a reposição dessas substâncias? A resposta seria por meio do uso de novos medicamentos, que são ingeridos junto com o antibiótico e previnem a disbiose. Além disso, é possível a indicação de substâncias de pequeno espectro que são menos ligadas à obesidade”, pontua.

O farmacêutico participou, na semana passada, do 9º Congresso Farmacêutico de Presidente Prudente (Farmoeste) e da 24ª Jornada Farmacêutica da Unoeste.