O Globo
Em 20/12/2010 às 09:21
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) usa informantes dentro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para ocupar as terras que serão desapropriadas pelo governo, de acordo com documentos revelados pelo grupo WikiLeaks.
A afirmação consta de telegramas enviados por diplomatas dos Estados Unidos ao Departamento de Estado americano. Eles acusam, ainda, os sem-terra de alugarem lotes dos assentamentos para o agronegócio no Pontal do Paranapanema e avaliam que o governo Lula esvaziou o movimento, que teve de se "reinventar".
"A prática do MST de distribuir lotes de terra fértil a seus fiéis e de alugar a terra de novo ao agronegócio é irônica, para dizer o mínimo. O presidente Lula tem sido flagrantemente silencioso com suas promessas de campanha de apoiar o MST por uma boa razão: uma organização que ganha terra em nome dos sem-terra e que depois a aluga para as mesmas pessoas de quem tirou tem um sério problema de credibilidade", escreve o cônsul-geral em São Paulo, Thomas White, em 29 de maio do ano passado.
O comentário foi feito após o diplomata ouvir um relatório de seu assessor econômico, que conversara com empresários de Presidente Prudente, onde "poucas pessoas" apoiam o movimento social.
O assessor econômico ouviu também o historiador americano Clifford Welch, que integra o Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos em Reforma Agrária (Nera). Considerado por White como "pró-MST", o pesquisador revela que o movimento usa seus contatos dentro do Incra para determinar qual será a próxima fazenda desapropriada.
"Welch disse ao assessor econômico que o Incra não torna essa informação publicamente disponível e que o MST só poderia acessá-la por meio de informantes dentro do Incra", informa o cônsul-geral. Segundo White, o Incra, usualmente, não desapropria com rapidez e, assim, "o MST invade a terra como prometido".
Sete telegramas enviados ao Departamento de Estado entre 12 de abril de 2004 e 29 de maio de 2009 mostram a atenção dos americanos para o que consideram um declínio do movimento sem-terra no Brasil.
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