Eliseu Visconti*
Em 21/12/2010 às 11:04
O mentiroso é tipicamente um covarde . Covarde por ter medo das conseqüências dos seus atos ou covarde por patologia.
Os que temem as conseqüências das suas mentiras podem ser rotulados entre aqueles que na sua infância eram castigados por seus responsáveis, fosse pelo desempenho escolar, ou pelas travessuras injustificáveis, por não cumprirem com os seus deveres de filhos. Porque temiam represálias ou castigos, desenvolveram uma capa de hipocrisia, e aprenderam a usar da fuga ou do subterfúgio, para escapar da punição. Estes aprenderam a solércia, a negativa ou a omissão. Poderão crescer ostentando o bom mocismo ou o cinismo. Far-se-ão de “gente boa”, cordatos mas falsos e traidores.
Dizem que fazem, mas nunca o fizeram. Escondem-se por detrás da verdade, e arrumam sempre uma desculpa para justificar o mal feito que sabem ter praticado, mas não tiveram e nem terão a dignidade de reconhecer. Ofendem-se hipocritamente, quando confrontados com os seus atos deletérios que, mais cedo ou mais tarde, sobrenadarão, como a água e o azeite.
Tais cidadãos carregam um peso grande, e mesmo que sejam contumazes mentirosos, negam os seus atos com fervor.
Nem citarei o Barão de Münchhausen que nos idos dos 1700, assombrou o mundo com as suas mentiras de arrepiar, como no episódio em que se alça de uma cadeira, puxando-se pelos próprios cabelos.
Sir Arhur Conan Doyle dizia, através do seu imortal personagem Sherlock Holmes, que do grotesco ao trágico só existe um passo.
Existem, por outro lado, os mentirosos habituais que são, simplesmente, uns caras de pau que mentem hábito. Tal grupo é integrado por pessoas sem escrúpulo, que mentem para garantir a posição que conquistaram, com o único mérito de terem mentido com aplicação e continuidade.Podem esses alcançar um certo posicionamento na comunidade onde vivem, mas saibam que algum dia ver-se-ão nus, como o rei da fábula.
A mentira sempre acaba por resvalar e despencar nos desvãos do inferno e do descrédito, e seus autores serão rotulados de pobres palhaços, colhendo o fruto do descrédito, de que são merecedores.
Pertencem à classe política os mentirosos mais nocivos, pois negam as evidências mais claras, e prometem aquilo que sabem que não cumprirão. Para justificar o fim, empregam os meios mais desleais, forjando tratos que não serão respeitados, jurando que de “nada sabiam,” etc.
É pena que o ser humano ainda não tenha aprendido o que seja ética e o que seja o respeito ao próximo. A tapeação nos persegue desde o episódio da serpente e da maçã, no Paraíso, no chamado Pecado Original, e se impregnou nas vidas de todos.
*Eliseu Visconti é jornalista, escritor e atual assessor da Câmara de Presidente Prudente
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