Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

'Prudente é extremamente cultural', aponta Nougueira

Maycon Morano

Em 14/12/2010 às 12:18

O município de Presidente Prudente é considerado extremamente cultural por entidades estaduais e nacionais, de acordo com o secretário municipal de Cultura, Fábio Nougueira. Em entrevista exclusiva ao Portal, ele também aponta que o público local, consequentemente, se tornou mais exigente.

Ele é diretor de teatro profissional sindicalizado e com Atestado de Capacitação Profissional, também conhecido como DRT. Cearense de Juazeiro do Norte de nascimento e prudentino por opção, ele recebeu o título de cidadão local em 2009. Atualmente, ocupa pela quinta vez o cargo de secretário de Cultura: trabalhou com Virgílio Tiezzi Junior, Agripino de Oliveira Lima Filho, Carlos Roberto Biancardi e, agora, Milton Carlos de Mello (Tupã).

Confira abaixo a entrevista com o secretário de Cultura de Prudente:

Portal: Presidente Prudente é considerada uma cidade cultural?

Fábio Nougueira: Para se ter uma ideia, no ano passado saiu o Índice de Gestão Municipal e Presidente Prudente está classificada na oitava colocação em todo o Brasil. Foram avaliadas mais de 5.562 cidades. Além disso, é a terceira melhor do Estado. Não sou eu quem está dizendo. A pesquisa foi realizada pelo Ministério da Cultura, IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] e IPEA [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada]. Prudente é considerada polo cultural do interior de São Paulo.

P: Prudentino consome bastante cultura?

FN: A fome de cultura você não consegue matar. A pessoa que nunca foi ao teatro não reclama que não tem. Mas se ela vai um dia, ela pede mais. Depois se você aumenta, ela pede mais ainda. O infocentro foi a mesma coisa. Começamos com 10 computadores e agora teremos 40 em 2011. Cultura é vicio. Se você não tem o vicio de ler, você não gosta de ler. Se você dá acesso, aí a população começa a gostar e também começa a cobrar. Isso é bom. Se elas estão cobrando é porque estão usando. Tem dia que passam aqui 1.500 pessoas no Matarazzo.

P: E a vida noturna de Prudente? Ela é visivelmente muito agitada. Não pode ser considerado um impedimento para o desenvolvimento da cultura local?

FN: Não. Eu considero barzinho algo extremamente cultural. Em botecos você ouve todo tipo de música. Os artistas se reúnem numa mesa para falar sobre teatro e música. Casa noturna também é cultura. A cidade precisa ter atividades culturais em todos os sentidos, não pode ser preconceituosa.

P: E como é o público da cidade?

FN: Prudentino gosta de eventos culturais. Prudente tem público para eventos culturais, mas tem que ficar atento a uma coisa: quanto mais a população tem acesso à cultura, mais ela fica exigente, ela quer espetáculo de mais qualidade de apresentação, sem erros, música limpa, cadeira boa. O público de Prudente é extremamente exigente. A cultura em Prudente está estabilizada.

P: Como foi o ano de 2010 para o setor da cultura em Prudente?

FN: Tivemos várias conquistas. Conseguimos trabalhar mais na periferia, nos bairros mais distantes, inclusive nos quatro distritos [Montalvão, Ameliópolis, Floresta do Sul e Eneida]. O Matarazzo se consolidou este ano. Mesmo sem ter um evento grande, ele tem um público que é diário e fiel. Além disso, não tem nenhuma escola de música no Brasil que tem a estrutura de prédio que a Escola Municipal de Música Professora Jupyra Cunha Marcondes possui. Finalmente conseguimos a reforma do museu. A Cidade da Criança foi transferida de volta para a Cultura. Retomamos as obras do Parque Aquático. O Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente, o Fentepp, novamente foi um sucesso, mas este ano o destaque foi a primeira edição do Salão do Livro, que atraiu em torno de 90 mil pessoas.

P: O que precisa ser melhorado?

FN: Apesar de o ano ter sido maravilhoso, ainda temos que ter avanços em alguns setores. Estamos finalizando o Plano Municipal de Cultura. Tenho em minha mesa o rascunho do primeiro edital, que vai beneficiar a dança, o teatro, a música, as artes plásticas, a literatura. Ele vai abrir a possibilidade para que os grupos artísticos da cidade inscrevam seus projetos. Aqueles que forem aprovados receberão um apoio, um dinheiro para que sejam desenvolvidos na cidade. É uma forma de trazer a sociedade civil para a cultura.

P: O que está programado para 2011?

FN: Não é certeza, mas eu não gostaria de deixar minha gestão antes de dar inicio a dois grandes eventos: um festival de música e um de cinema. Só que a secretaria não tem mais condições financeiras de criar nada novo. Temos que fazer bem feito o que já fazemos. Se eu quiser fazer estes dois novos eventos, teria que mexer na qualidade dos que já existem. Por isso estamos buscando convênios com o governo e com a iniciativa privada. Se não houver os dois, quero realizar pelo menos um deles no ano que vem. E terminar o Matarazzo, a finalização da obra do Centro Cultural Matarazzo é um sonho.

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