Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Incansável, Altino Correia mantém missão do 'bom jornalismo' por 60 anos

Rogério Mative

Em 26/01/2019 às 21:13

Aos 84 anos, Altino Correia segue na ativa com a produção jornalística por meio de um blog

(Foto: M2 Comunicação)

Do telégrafo aos teclados do computador. Das palavras ditadas à telefonista aos textos com imagens publicados instantaneamente. Em 60 anos, Altino Correia enfrentou barreiras, venceu obstáculos e se reinventou diante das mudanças tecnológicas com a chegada da internet. No especial "Entrelinhas", produzido pelo Portal Prudentino e M2 Comunicação, o jornalista de 84 anos e que segue na ativa relembra fatos marcantes, conta causos e deixa sua opinião sobre os caminhos que devem ser seguidos pela imprensa nos dias atuais.

Parte das mudanças realizadas pelo Portal, o projeto Entrelinhas nasce com o objetivo de oferecer um conteúdo diferenciado por meio de entrevistas com personalidades, profissionais de vários setores e de pessoas que guardam uma boa história de vida. O conteúdo será disponibilizado pelo canal no Youtube.

Quando não tinha internet

Tão desejado nos dias de hoje, a pró-atividade de Altino Correia quase custou ao novato jornalista o fim de sua carreira precocemente. Na entrevista, ele conta os detalhes e cita sua escalada na profissão. "São mais de 60 no jornalismo, quando comecei pelo rádio em Presidente Venceslau, na década de 50, como operador de som, locutor e jornalista. Fui correspondente do Jornal Última Hora, Estadão, Folha de São Paulo [neste, por 25 anos], Jornal do Brasil [na cobertura de âmbito nacional e internacional], repórter plantonista do O Imparcial, além de free-lancer no Jornal O Globo [free-lancer]. Nessa somatória de jornais, posso dizer que cumpri minha missão", pontua.

"O rádio foi para mim a melhor escola que tive na minha vida profissional. Primeira foi a Rádio Presidente Venceslau, ZYH-7. Pela Rádio Presidente Prudente, fui diretor juntamente com Geraldo Soller, que me convidou. Tive um período pela Rádio Cidade, Rádio Paulista e como correspondente da Rádio Globo/CBN, de São Paulo", enumera.

Altino Correia atuando na década de 1960 | Arquivo Museu Municipal


Porém, Correia buscou por novas experiências e foi parar na TV. "Primeiro foi na Globo de Bauru [TV TEM], juntamente com Gilberto Barros no Jornal das 7. Fui responsável pela implantação do jornalismo na TV Bandeirantes de Prudente, além de atuar como repórter, editor e chefe de reportagem. Depois disso, correspondente voluntário da Rede Vida por 20 anos", diz orgulhoso.

Entre os profissionais que conheceu ao longo de sua carreira, Altino Correia destaca dois de forma especial. "Geraldo Soller foi um baluarte da imprensa. Um exemplo de vida, um companheiro excepcional", afirma.

"Tive a oportunidade de conviver com um grande amigo de saudosa memória: Audálio Dantas, que foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Dantas tinha um amor muito grande por Prudente. Audálio Dantas abriu o livro [As Duas Guerras de Vlado Herzog, vencedor do Prêmio Jabuti de 2013] contando essa história em Prudente durante palestra a estudantes da Apec [Associação Prudentina de Educação e Cultura] em 1975. Ele veio para fazer o lançamento do livro, onde Prudente é citada em duas partes", frisa. 

Altino acompanha o amigo Audálio Dantas em 1975, quando o escritor visitou a cidade | Arquivo: Museu Municipal

Desafios da reportagem

"Quando a notícia chega ao nosso conhecimento, a gente tem que levar em consideração dois aspectos: ouvir as duas partes e exercer o papel de juiz", comenta Altino Correia.

O assunto faz o jornalista lembrar-se das dificuldades de décadas passadas e comparar com as facilidades encontradas atualmente. "As condições eram precárias. O telefone funcionava com cortes, sonorização que perturbava o contato. Com o jornal você teria que ditar letra por letra. Quando a telefonista tinha dúvida ela pedia para mandar em código", diz.

Altino Correia apresenta show de Carlos Gonzaga em frente à Rádio Presidente Venceslau na década de 1960 Arquivo: Museu Municipal


"Tudo fez parte de uma época, bem diferente de hoje que é de forma imediata. A época exigia um pouco mais de dedicação e conhecimento. Hoje é uma facilidade incrível, você tem tudo mastigado, prontinho. A internet facilitou a comunicação em todos os aspectos".

Com pique de menino

No dia 30 de julho, Altino Correia completará 85 anos. Para quem acha que ele está cansado e pensando em 'pendurar' o gravador e a máquina fotográfica, o jornalista dá a resposta. "Quem faz jornalismo sente o prazer em estar participando de todos os acontecimentos de maior expressão. É uma forma de ocupar o tempo, acompanhar as atividades em todos os setores, documentar e divulgar. Porque muita gente não sabe o que está acontecendo e o jornalista tem que estar bem informado", afirma.

Ele segue firme na missão de noticiar os fatos por meio do seu blog “Memórias de um Repórter do Interior”, um verdadeiro acervo digital. "Ao abraçar a carreira, que se faça com carinho, dedicação, com atenção, respeito e principalmente com competência. O que se espera do jornalismo é que os profissionais sejam valorizados. Praticamente, eu cumpri minha missão", finaliza.

No vídeo, Altino Correia conta ainda a história curiosa de Carlito, ex-presidiário "boa praça" condenado a mais de 100 anos de detenção e de Evaristo, outro preso, que queria escrever um livro.

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