CÁSSIO OLIVEIRA
Em 07/10/2020 às 09:20
Koji possuía ainda o 8º Dan em Shindo Yoshin-Ryu Kempo (Jiu-Jítsu) e o 2º Dan em Judô, sendo a maior autoridade do estilo Wadô-Ryu no Brasil
(Foto: Arquivo/Maycon Morano)
O universo do esporte está enlutado. Um dos pioneiros na introdução da arte marcial no Brasil e precursor do estilo Wadô-Ryu, o mestre Koji Takamatsu morreu aos 89 anos. Com mais de 70 anos dedicados ao caratê, ele era faixa preta e 9º Dan. Na região, recebeu o título de "cidadão" em quatro municípios: Álvares Machado, Prudente, Santo Anastácio e Alfredo Marcondes.
Takamatsu morreu na manhã dessa terça-feira (dia 6), em São Paulo. Casado, deixa esposa, Neide Harue Takamatsu, dois filhos, Sérgio e Célia, uma neta, Juliana, e uma legião de alunos e admiradores.
As últimas despedidas e condolências ao mestre Koji Takamatsu foram programadas para esta quarta-feira (7), na Ultimum Vale (Velório Moema), na capital paulista. O corpo será cremado em cerimônia restrita na cidade de Piracicaba.
O precursor
Nascido na cidade japonesa de Kakogawa, província de Hyogo, em 21 de dezembro de 1930, Takamatsu desembarcou no porto de Santos em 17 de fevereiro de 1956, no navio América Maru, com a missão de expandir o caratê Wadô-Ryu. Tal tarefa foi designada pelo próprio criador do estilo, o grão-mestre Hironori Otsuka I – morreu aos 89 anos, em 29 de janeiro de 1982.
Engenheiro agrônomo formado pela Universidade de Agronomia de Tóquio (Nodai), em 1953, Takamatsu presidiu a Organização Wadô-Ryu do Brasil e da América do Sul e foi membro da comissão da diretoria técnica da Organização Wadô-Ryu Karatê-Dô Internacional.
Koji possuía ainda o 8º Dan em Shindo Yoshin-Ryu Kempo (Jiu-Jítsu) e o 2º Dan em Judô, sendo a maior autoridade do estilo Wadô-Ryu no Brasil e o único, fora do Japão, com a graduação de 9º Dan para a faixa preta.
Foi fundador da Federação Paulista de Karatê (FPK), em 1974, e da Confederação Brasileira de Karatê (CBK), no ano de 1987. Integrou o Kodansha-kai (Conselho de Mestres) da FPK. O trabalho de décadas do mestre Koji Takamatsu pode ser observado através dos milhares de praticantes do estilo em todo o Brasil e até mesmo fora dele.
O mestre Koji Takamatsu, apesar da saúde debilitada nos últimos anos por causa do AVC (Acidente Vascular Cerebral), comandou o estilo Wadô-Ryu pelo Brasil regularmente nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia, tendo aproximadamente 4,5 mil praticantes. Formou mais de 700 faixas pretas desde a sua chegada ao país.
“O caratê, antes de mais nada, é uma arte”, dizia, sempre, o mestre. Em 2017, lançou o livro “História do Wadô-Ryu Karatê-Dô no Brasil”, que traz e resgata boas lembranças e registros importantes dos 60 anos do estilo em solo brasileiro, incluindo ainda sua passagem e trabalho desenvolvido no Oeste Paulista.
Foi reconhecido como cidadão em quatro municípios do Oeste Paulista: Álvares Machado (2001), Presidente Prudente (2011), Santo Anastácio (2015) e Alfredo Marcondes (2018). Recebeu também diversas honrarias pelo Brasil afora.
No dia 9 de julho de 2016, a Câmara de Álvares Machado entregou ao mestre e ao seu filho, Sérgio Takamatsu, as medalhas de honra ao mérito “Vereador Kiochi Tatizawa”.
Referência e exemplo
“Muito triste. Perda importante no caratê brasileiro. Por décadas, o mestre Koji Takamatsu se dedicou aos ensinamentos do caratê, orientou os praticantes e ainda incentivou projetos que transformaram vidas e a sociedade. Será sempre uma referência e um exemplo para todos. O nosso estilo de caratê, que é uma palavra japonesa e significa ‘mãos vazias’, foi introduzido na região em 1979 e começou por Prudente”, relembra Paulo José Villalva Martins, de Álvares Machado, faixa preta, 6º Dan, aluno do mestre, delegado titular da 15ª Delegacia da FPK – Região de Presidente Prudente (Alta Sorocabana) – e ainda diretor da 2ª Delegacia Regional São Paulo do Interior da Organização Wadô-Ryu.
O professor de educação física, Renato Villalva, que é carateca, faixa preta, 2º Dan, e filho de Paulo Villalva, expressa seus sentimentos pela morte do introdutor do estilo Wadô-Ryu no Brasil. “Muito triste com essa notícia. Hoje [dia 6] vai morar com Deus, meu mestre, meu tutor, a pessoa que moldou meu caráter durante toda uma vida no caratê. Descanse em paz, mestre Koji Takamatsu”, enfatiza.
Já o professor Marcos Rogério da Cunha Garcia, Marcos Mineiro, faixa preta, 3º Dan, de Santo Anastácio, praticante do estilo Wadô-Ryu e que ministra aulas da arte marcial, reconhece a importância de Koji Takamatsu para sua formação. “Muito obrigado pelos ensinamentos no caratê e na vida, sensei. Gratidão. Descanse em paz, mestre. Oss!”, salienta.
De luto
A FPK e a CBK, em suas redes sociais, publicaram nota de pesar pelo falecimento do mestre. “A Federação Paulista lamenta a perda de um nome tão importante para a comunidade do caratê e expressa sinceras condolências a todos os familiares, amigos e admiradores”, ressaltou a entidade estadual.
Já a CBK relembrou a vinda de Koji do Japão e seu legado. “Em nome da comunidade do karatê agradecemos todas as contribuições realizadas pelo mestre em prol de nosso desenvolvimento. Descanse em paz. Nossas condolências e solidariedade aos familiares”.
O estilo
A Organização Wadô-Ryu Karatê-Dô Renmei do Brasil é a entidade oficial que representa o estilo no país. Esta arte marcial foi introduzida em solo brasileiro, no mês de fevereiro de 1956 (completou 64 anos de existência em 2020), com a chegada do mestre Koji Takamatsu, Hanshi-Shihan 9º Dan pela Organização Wadô-Ryu Internacional e pela CBK (Confederação Brasileira de Karatê).
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