Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Câncer de pênis pode ser evitado com cuidados básicos, diz especialista

Alex Rodrigues - Agência Brasil

Em 21/02/2021 às 14:17

Urologista destaca que maioria dos pacientes costuma demorar a procurar por atendimento médico

(Foto: Arquivo)

Considerado raro em países desenvolvidos, o câncer de pênis ainda afeta milhares de homens no Brasil. Segundo o diretor clínico do Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente (HRCPP), Felipe de Paula, a maioria dos casos poderia ser evitada com cuidados básicos de higiene íntima.

Embora evitável, a doença atingiu, pelo menos, 10.265 brasileiros entre os anos de 2016 e 2020. São casos que, além de deixar sequelas físicas e psíquicas às vezes irreparáveis, colocaram o país entre as cinco nações com os maiores números de ocorrências, junto com Quênia, Uganda, Egito e Índia.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mesmo que menos frequente que outros tumores, como o de próstata, o câncer de pênis representa cerca de 2% de todos os casos de neoplasias malignas diagnosticadas entre homens no Brasil, sendo mais frequentes nas regiões Norte e Nordeste – principalmente entre pessoas de menor grau de instrução e renda.

Higiene íntima

De acordo com o urologista Felipe de Paula, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), muitos dos casos da doença poderiam ser evitados apenas com cuidados básicos com a higiene íntima, já que o descuido com a limpeza do órgão sexual masculino é identificada como o principal fator de risco.

“É preciso higienizar muito bem o pênis, mas não só sua parte exterior. É necessário expor a glande, ou seja, a cabeça do pênis; colocá-la para fora do prepúcio [camada de pele retrátil que cobre a extremidade do órgão] e lavá-la bem”, orienta o urologista, que é diretor clínico do HC de Prudente.

Ele destaca que a presença de fimose pode aumentar o risco de surgimento de lesões e dificultar a lavagem adequada da glande (que deve ser feita apenas com água e sabonete ou sabão), aumentando o risco de surgimento de um tumor.

Demora no diagnóstico

O urologista também destaca que, por vários motivos, a maioria dos pacientes costuma demorar a constatar os sinais de que há algo de errado. E mais ainda para procurar um médico.

“Uma pesquisa demonstrou que, mesmo depois de perceber uma lesão no pênis, metade dos homens demorou mais de um ano para procurar o serviço de saúde. Seja por falta de acesso, seja, na maioria das vezes, por vergonha”, declara o urologista.

Felipe de Paula afirma que, no último ano, o diagnóstico precoce da doença foi prejudicado também pelo medo do novo coronavírus. “A situação piorou, pois com a covid-19, as pessoas têm procurado cada vez menos os serviços de saúde. Isto se reflete também em relação aos [diagnósticos de] tumores que se agravam à medida que a pessoa demora a buscar ajuda médica”, comenta.

Quanto mais cedo for iniciado, maiores as chances do tratamento de qualquer tipo de câncer ser bem-sucedido. “Infelizmente, quando muitas destes homens procuram o serviço de saúde, a situação já é grave.”

O médico recomenda que os homens fiquem atentos ao surgimento e à evolução de feridas e manchas em qualquer parte do órgão sexual, mas principalmente na glande. Ferimentos que não cicatrizam, a presença de uma secreção branca e/ou de um cheiro desagradável que não desapareça com a adequada lavagem do pênis podem ser indícios de um tumor.

Outro sinal preocupante pode ser a presença de gânglios inguinais (ínguas) na região das virilhas. Qualquer que seja o caso, a pessoa deve consultar um médico especialista para identificar a real causa do problema e receber o tratamento mais adequado.

Alta taxa de cura

Diagnosticado em estágio inicial, o tratamento do câncer de pênis apresenta elevada taxa de cura. A detecção dos casos de câncer pode ser feita por meio de exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos. 

O tratamento depende da extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais, podendo ser feito por meio de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, conforme o caso. Segundo o Inca, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar que a situação se agrave e seja necessário amputar parcial ou totalmente o pênis.

Embora seja mais frequente entre homens a partir dos 50 anos de idade, o câncer de pênis também pode atingir os mais jovens.

Entre os fatores que aumentam o risco da pessoa vir a desenvolver a doença estão o fumo e as consequências de doenças sexualmente transmissíveis maltratadas – razão para os especialistas reforçarem a recomendação para que os homens usem preservativo ao terem relações sexuais.

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