Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Prefeitura decreta intervenção na empresa Prudente Urbano

Medida é tomada após seguidas irregularidades e greve interminável

ROGÉRIO MATIVE

Em 23/07/2021 às 07:07

Prefeito Ed Thomas foi pessoalmente ao ato de intervenção na empresa

(Foto: ROGÉRIO MATIVE)

A paciência acabou. Nesta sexta-feira (23), após os funcionários realizarem nova paralisação total dos serviços, a Prefeitura de Presidente Prudente decretou a intervenção na empresa Prudente Urbano (Company Tur, ex-Pruden Express). A medida é tomada pela segunda vez na história da cidade e visa colocar o transporte coletivo nos eixos.

A primeira missão é pagar os salários e benefícios de toda a categoria, que sofre com o calvário desde o ano passado. Atualmente, estão pendurados o salário do mês passado, vale-alimentação deste mês e parte do tíquete de junho, adiantamento salarial, além de férias parceladas ainda em 2020.

A segunda frente será reativar as linhas do transporte, que foram podadas desde o início da pandemia. Diariamente, usuários precisam ir a pé ou gastar valores exorbitantes em aplicativos.

Para tomar a decisão, integrantes do alto escalão passaram a quinta-feira (22) em reuniões. O ato foi oficializado agora pela manhã, com uma comissão municipal na sede da empresa.

Decreto foi publicado pontualmente às 7h, sincronizado com a chegada do interventor na empresa

Casamento que melou

Apesar da empresa operar na cidade desde 1993, a relação com o município começou a melar após a licitação realizada há quatro anos. Antes Pruden Express, a concessionária Prudente Urbano sofreu nos primeiros meses de novo contrato com quebras constantes de veículos. Em dois casos, eixos que se soltaram, além de um que pegou fogo.

Atrasos constantes, retirada de horários e de linhas intensificaram a insatisfação com a prestação do transporte coletivo. A situação piorou com a pandemia, quando houve queda drástica da oferta do serviço. Nos fins de semana, por exemplo, não há ônibus.

Do outro lado, a relação com o Poder Público estremeceu após a empresa iniciar uma disputa judicial por meio de diversas ações visando o reequilíbrio financeiro contratual e revisão tarifária - atualmente, há dois processos em andamento na fase inicial.

Neste tempo, a Prudente Urbano foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que recomendou a quebra de contrato elencando 13 irregularidades. Na ocasião, a medida foi rechaçada pelo ex-prefeito Nelson Bugalho (PSDB).

Pela segunda vez na história

Em 1993, a Transporte Coletivo Brasília (TCB) sofreu intervenção operando o transporte coletivo de Presidente Prudente com excelência.

Em 25 de fevereiro daquele ano, o então prefeito Agripino de Oliveira Lima Filho (falecido) resolveu intervir na empresa alegando a retirada elevada de veículos "sem justificativas plausíveis". Na verdade, o motivo era um só: a chegada de uma outra concessionária da noite para o dia na cidade.

Até então, a Brasília operava o serviço sozinha por meio de seguidas prorrogações de autorizações por três décadas. Fundada por Nakagaki & Garcia Ltda. em 1961 para tocar quatro linhas, foi nas mãos da família Rosas Pio que o negócio prosperou a partir de 1966.

Apesar dos erros cometidos pelas gestões passadas em não licitar o transporte de passageiros, a empresa gozava de ótima saúde financeira, prestigiada pelos funcionários e bem avaliada pelos usuários, contando como ponto forte uma grande estrutura organizacional e pontualidade.

Na época, a TCB mantinha um quadro de 400 colaboradores, além de frota de 104 veículos - todos de carroceria Marcopolo. Apesar de boa parte dos veículos apresentar idade elevada, a manutenção impecável driblava as rugas geradas pelo tempo de uso.

Em agosto, Agripino Lima resolveu encerrar a intervenção e propor um acordo para a entrega da TCB aos seus donos. Contudo, os proprietários se recusaram a receber as chaves diante de um cenário financeiro caótico, com dívidas acumuladas, ônibus sem peças de reposição e crédito negado na praça.

Em seguida, a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga S. A. pediu a falência da TCB na Justiça por altos valores de combustíveis não pagos, o que culminou com a extinção da prestadora.

Agora, a história teima a se repetir, porém, com novo enredo envolvendo a empresa que 'herdou' as linhas da extinta Brasília.

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