Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

"A curiosidade", pelo escritor João Bosco Leal

*João Bosco Leal

Em 04/12/2015 às 07:38

(Foto: Ilustração)

O filósofo e poeta português Agostinho da Silva declarou: "O que impede o saber não são nem o tempo nem a inteligência, mas somente a falta de curiosidade".

Raramente podemos ler tanta verdade descrita em tão poucas palavras.  Tudo o que atualmente a humanidade conhece é proveniente da curiosidade de alguém.

Imagino a dificuldade dos homens primitivos em encontrar um meio de acender o fogo que os aquecesse. Depois, a de criar um meio de transportá-lo de um lugar ao outro, iluminando os locais por onde passassem e, posteriormente, descobrindo que com ele poderiam também afugentar os animais que os ameaçassem e assar a carne de suas caças.

Nenhuma das grandes descobertas da humanidade foi conseguida sem a curiosidade de um de seus membros que, observando algo, pensou em como poderia transformar aquilo, fazer de forma mais simples, rápida e eficiente, ou algo totalmente diferente.

Além do famosíssimo Leonardo da Vinci, tão talentoso que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, penso que um dos maiores exemplos de "curioso", que com suas invenções mudou radicalmente a humanidade, foi Thomas Alva Edison, um inventor e cientista dos Estados Unidos que viveu entre os anos de 1847 e 1931. Poucos sabem que, além da lâmpada elétrica incandescente, ele fez várias outras descobertas fantásticas.

Há mais de 130 anos, quando sequer se imaginava discutir temas como sustentabilidade e alternativas ao uso de combustíveis fósseis, em 13 de maio de 1880, Thomas Edison fazia o primeiro teste de sua estrada de ferro elétrica em Menlo Park, nos Estados Unidos. Atualmente, as maiores cidades do planeta utilizam trens e metrôs elétricos para o transporte de passageiros e carga de um lado a outro.

Outras invenções de Thomas Edison foram a câmera cinematográfica, a bateria de carro elétrica e o fonógrafo - precursor dos alto-falantes. O microfone de carbono, inventado por ele entre 1877 e 1878, era capaz de converter som em um sinal elétrico, permitindo que a voz fosse transmitida a longas distâncias, sendo, portanto, o ancestral do mais moderno smartphone atualmente utilizado.

Os alimentos como carnes, café, frutas e legumes que atualmente encontramos nos supermercados embalados a vácuo - que os mantém livres de germes e bactérias e lhes assegura maior conservação do sabor -, são a evolução de um sistema de preservação de frutas a vácuo criado por Edison ainda em 1881.

Outro exemplo fantástico da observação de Thomas Edison foi a da roda de borracha. A roda sempre foi considerada uma das mais revolucionárias invenções da humanidade. Com ela se facilitou todo transporte que se podia imaginar. Primeiro as rodas de pedra e, muito posteriormente, já para os carros de boi e ainda para os primeiros veículos, as rodas de madeira. Foi ele quem registrou a intenção de cobri-las de borracha, o que posteriormente evoluiu para os atuais pneus.

Quantas vezes passamos, diariamente, por anos ou décadas, pelas mesmas ruas ou locais, sem sequer observar detalhes do que está à nossa volta? Quando, mesmo parados em um semáforo, observamos detalhes como o de um ninho de joão-de-barro construído no poste da esquina? Não lemos sequer o que está escrito no enorme outdoor por onde passamos?

Só os que têm curiosidade, observam os detalhes e pensam, transformam o mundo e promovem a evolução de todos.

*João Bosco Leal é jornalista, escritor e empresário

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