Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

"O valor de bibliotecas", por Rubens Shirassu Júnior

*Rubens Shirassu

Em 04/07/2016 às 10:29

Biblioteca Aprosiana de Ventimiglia, na Itália

(Foto: Arquivo)

Até as três últimas décadas, o valor comercial de bibliotecas era tão crítico que os proprietários ou herdeiros não eram motivados a negociá-las nos sebos. A comercialização dos livros usados era exercida, quase sempre, sem nenhuma técnica.

Os livros eram jogados no chão onde os compradores os reviravam como objetos desprezíveis. Não havia o mínimo zelo pelos livros, o que era lamentável. Nessa conjuntura, destinar bibliotecas aos sebos era realmente um atentado à cultura. Como não tinham valor comercial, ainda hoje não são arroladas nos bens deixados para a família. A solução mais viável era doá-los ou simplesmente deixá-las entregues à sanha destruidora dos insetos.

Sobre as doações de bibliotecas, o agraciado mesmo sendo uma instituição, na maioria das vezes recebia o acervo como verdadeiro “presente de grego”, devido ao problema de espaço ou à incidência de obras em duplicata e até triplicata. Essas doações só eram bem destinadas, como ainda hoje o são, quando entregues às bibliotecas em formação e carentes da bibliografia.

É sabido que grandes acervos de livros têm passado de pais para filhos, que as suplementam com novas aquisições. Sabe-se que muitas bibliotecas são guardadas como simples objeto de estima, contrariando a função cultural do livro.

Com a criação dos cursos de Biblioteconomia em nível de bacharelato, despertou a atenção dos interessados no nobre comércio de livros usados. Pessoas de bons conhecimentos bibliográficos abriram sebos nas principais capitais brasileiras, comercializando o livro usado como mercadoria boa e valiosa, mudando completamente o conceito comercial do livro usado. Como prova de valorização do livro usado, nada melhor que a proliferação dos estabelecimentos desse gênero. Há ótimos sebos que compram bibliotecas em todo o Brasil.

Essa nova dinâmica superou completamente o desestímulo dos possuidores de bibliotecas de venderem-nas nos sebos. Os livros vendidos aos reais interessados adquirem cotações justas, cabendo até a pergunta: “Quem paga bem conserva mal?”.

Portanto, os sebos modernos estão à disposição dos interessados para fazer avaliações e pagar até fortunas pelas bibliotecas e fazer os livros chegarem às mãos dos estudiosos e pesquisadores.

*Rubens Shirassu Júnior é escritor

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