(*) João Bosco Leal
Em 20/04/2012 às 13:06
(Foto: Ilustração)
Uma amiga de mais de quarenta anos e que não vejo há mais de trinta, enviou um texto dizendo que havia sonhado comigo, que estava saindo de uma depressão profunda e quando menos esperava eu havia chegado para ajudá-la, para ficar com ela e que, após minha chegada havia sentido muita paz e tranquilidade.
Fiquei extremamente honrado pela amizade e confiança em mim depositadas, mas não pode ser só isso, pensei. Aquela era a mais pura demonstração de uma amizade verdadeira que alguém poderia transmitir, pois era uma declaração de confiança plena, exatamente em seu momento mais difícil, de muita fragilidade.
Existem muitos tipos de amizades, a dos pais, irmãos primos e conhecidos, mas poucas chegam a ser profundas como essa agora demonstrada.
Durante a vida conhecemos muitas pessoas e dezenas ou até centenas delas se tornam nossos colegas, companheiros de trabalho, de luta, de ideal, e normalmente os chamamos de amigos.
São aqueles surgidos durante um baile ou uma viagem, com quem pescamos ou jogamos uma partida, pulamos o carnaval, passamos as férias, estudamos na mesma sala do grupo, colégio ou faculdade.
Entre esses podem surgir alguns que costumamos chamar de amigos do peito, do coração, que são verdadeiros, sinceros ou algumas que podem até mesmo acelerar nossos corações, fazer nossos olhos brilharem, os sorrisos aparecerem com mais facilidade, e se tornar nossa namorada, caminhando por um período ao nosso lado.
Mas as amizades verdadeiras, só muito raramente acontecem. São pessoas mais atenciosas e prestativas conosco, que sabem exatamente quando não estamos bem e estão dispostos a partilhar os segredos, alegrias e angústias das nossas vidas, procurando sempre fazer aquilo que sabem que nos ajudará e deixará feliz.
Os amigos ou amigas verdadeiras são aquelas que, por mais que estejam afastados há décadas, sabemos que com eles podemos contar e com certeza podem ser contados nos dedos de uma só mão.
Já próximo dos sessenta anos, ainda não consigo ultrapassar a contagem dos dedos de uma única mão com o nome daqueles que assim considero, até porque alguns já se foram e muito me orgulho dos poucos que restam, pois tenho a certeza de que com eles poderei contar sempre e em qualquer situação, e eles sabem que o inverso é verdadeiro.
Pessoas assim nos fazem felizes pelo simples fato de um dia terem cruzado por nosso caminho e percorrido um trecho ao nosso lado, quando juntas superamos rampas, descidas, tropeços, quedas e tristezas, demos sorrisos e gargalhadas e até lágrimas derramamos.
Por mais que décadas se passem e que a distância nos separe, elas continuarão onde sempre estiveram, em um cantinho especial, bem no fundo do nosso coração, onde cabem muito poucos, só aqueles marcados por lembranças de momentos maravilhosos que juntos vivemos.
Mesmo incluindo as que não se tornaram nossas amigas, Todas as pessoas que por nossa vida passaram ou passarão são únicas, totalmente distintas e pouco ou muito deixaram de si e de nós levaram, mas naquilo que deixaram ou levaram, certamente o fizeram com uma marca exclusiva.
Observando detalhadamente o que ocorreu em nossos relacionamentos com cada uma das pessoas que passaram por nossas vidas, poderemos facilmente observar que ninguém passou por acaso ou no momento errado, todas nos ajudaram e foram ajudadas, no crescimento de ambas.
A amizade verdadeira nasce de onde ou quando menos se espera e por mais que esteja distante, jamais se ausentará.
(*) João Bosco Leal é articulista político, produtor rural e palestrante sobre assuntos ligados ao agronegócio e conflitos agrários