Por Rubens Shirassu Júnior
Em 14/09/2024 às 12:21
Imagem em destaque
(Foto: Sérgio Borges/NoFoco)
Lona imperfeita
de eus em meus em multidão
plantada em hastes, colinas amplas
com topos suaves e ondulados:
cidade inventada a cada pessoa.
Teus homens, mulheres e moribundos
vestem a roupa rústica das manhãs
à noite despertam os calçados da tarde
ora com nuvens, ora sem elas.
Levam às ruas o coração fechado
enquanto os olhares usurpam cores
das feias calçadas fora de nível
à quimera das vitrines
atados estamos ao preço das coisas.
E a matéria vivida coexiste calada
nos cômodos das mesmas casas
soma de tantos gestos e sentenças
manchas úmidas nas paredes gastas.
Quantos insones atravessam a tua noite
acionam os remos largos da madrugada
e no amanhecer fecham os olhos
cansados,
indiferentes à altivez dos edifícios.
Na praça da rodoviária aparecem as
primeiras crianças – as que se interessam
pela terra
acreditam na sombra das árvores
e acolhem faceiras a luz deste dia.
Com nenhuma cor retida na retina,
transeuntes viram as faces
condenando as flores rasteiras:
cada dia um menino Jesus crucificado
em cada esquina.
Aos poucos – avenidas, ruas, prédios
despertam os músculos, ossos
e o rosto.
Novamente o corpo se levanta
por inteiro
novelo de artérias sem fim nem começo.
Teu nome, Prudente, induz ao engano,
tão pouco de ti lembra Presidente.
*Rubens Shirassu Júnior é escritor, pesquisador, jornalista e pedagogo
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