O Portal
Em 08/09/2020 às 10:27
Comércio central retomou atividades com oito horas de abertura nesta terça-feira
(Foto: Marcos Sanches/Secom)
Quando a pandemia começou, o coronavírus conseguiu ressuscitar nas pessoas um sentimento puro de solidariedade, que já estava esquecido depois de tanto ódio e raiva produzidos pela polarização política que tomou conta do país. Mas, a onda de textos em redes sociais oferecendo ajuda ao próximo durou pouco. Agora, o momento é de burlar as regras para "salvar" o espírito da diversão e lazer, apesar do crescente número de mortes nas últimas semanas. E tudo com o auxílio, em silêncio, do Poder Público por meio de sua omissão em fiscalizar.
Após três meses de restrição quase extrema, o comércio pôde ampliar o seu horário de funcionamento. Bares, restaurantes, salões de beleza e academias têm a possibilidade de evitar a falência. Contudo, a euforia provocada pela reclassificação da região no plano de flexibilização pode durar pouco.
Em Presidente Prudente, o decreto que regulará o funcionamento dos estabelecimentos será publicado apenas nesta terça-feira (8). Ou seja, bares e restaurantes só poderiam iniciar atendimentos presenciais a partir desta data.
Mas, o setor gastronômico que chegou a fazer manifesto (legítimo, pois fechou as portas e não contou com ajuda dos governos) e escorregou na campanha publicitária ao usar a palavra 'luto' ao comparar as mortes de pessoas e falências de empresas, engatou marcha e retomou as atividades ainda na última sexta-feira (5), poucas horas depois do anúncio do Governo Estadual.
Na mesma noite, alguns bares já apresentavam capacidade de lotação superior aos 40%. No sábado (6), o cenário era ainda pior despertando a preocupação de comerciantes diante do descumprimento das regras pelos concorrentes.
Contudo, a aglomeração de pessoas não fica restrita ao mundo da comilança. Em alguns pontos da cidade, templos religiosos seguem lotados há meses. Pessoas ignoram a determinação e caminham por espaços públicos sem máscaras cientes de que não serão perturbadas. Festas em chácaras com muita bebida e aglomeração pipocam nas redes sociais, como também partidas de futebol.
Diante de tudo isso, algumas perguntas inflamam as mentes daqueles que temem pelo pior: quem autorizou igrejas a promoverem celebrações com lotação máxima? De quem partiu o sinal verde para bares e restaurantes anteciparem a retomada quatro dias antes da publicação das regras que vão nortear o funcionamento dos estabelecimentos? Por qual razão a Prefeitura e órgãos estaduais deixam a fiscalização de lado?
Em um cenário marcado pelo individualismo de alguns comerciantes e de uma fatia considerável da população, agravado pelo desrespeito às regras, o vírus pode dar a resposta quem ninguém quer aceitar: mais mortes, mais infectados e mais estabelecimentos que seguem as regras fechados.
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