ROGÉRIO MATIVE
Em 02/10/2020 às 10:54
Debate contou com 10 dos 12 candidatos a prefeito em Prudente
(Foto: Reprodução)
Com horário indigesto para a maior parte da população que precisa acordar cedo no dia seguinte, o debate promovido pela TV Bandeirantes reuniu, na noite dessa quinta-feira (1º), 10 dos 12 candidatos à Prefeitura de Presidente Prudente. Em 2h30, o encontro ficou marcado por palavras de efeito, ataques pessoais e propostas de trabalho reduzidas ou lançadas de forma genérica.
Diferentemente do que propôs horas antes em redes sociais, Fábio Sato (MDB) abriu o debate com ataques diretos ao oponente Laércio Alcântara (DEM) ao sugerir supostas irregularidades no loteamento do Distrito Industrial da Zona Leste e intitulá-lo como componente da "velha política". Em seguida, foi rechaçado por Alcântara, que cobrou investigação das autoridades e elencou trabalhos realizados como secretário municipal de Planejamento durante a gestão de Milton Carlos de Mello (Tupã).
A citação de Sato sobre o distrito industrial rendeu direito de resposta ao prefeito Nelson Bugalho (PSDB), que também conquistou espaço para rebater o emedebista sobre "denúncias" de coação a servidores. O confronto entre os dois somou mais ataques no terceiro bloco do debate quando Sato propôs realizar doação de terrenos e construir loteamentos como fomento no setor da habitação. Bugalho classificou a proposta como inviável e longe da alçada municipal.
Os momentos de descontração foram marcados durante a participação de José Lemes (PDT). Ao sugerir a construção de cinco piscinões para o controle das enchentes no Parque do Povo, convidou Bugalho para comer um 'Mac' - lanche - e apresentar seu plano de gestão. O tom informal de Lemes ao escolher os oponentes para as respostas também chamou a atenção de quem assistia.
Bolsonaro x Doria
A polarização política que tomou conta do país também foi levada para o debate entre os candidatos à Prefeitura de Prudente. Os embates ficaram concentrados entre Guilherme Piai (PSL), que defendeu o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), e Luiz Valente (PT), que criticou de forma contundente as ações do governo federal durante o enfrentamento da pandemia.
Ed Thomas (PSB) também pegou carona no assunto ao tentar, mais uma vez, colar sua imagem ao lado de Bolsonaro apesar de o partido proibir manifestações de apoio ao atual governo. Ele também alfinetou a gestão do governador João Doria (PSDB).
As propostas
Principal objetivo do debate, as propostas de governo de cada candidato foram, em sua maioria, apresentadas de forma genérica e sem dados. Os temas mais debatidos ficaram concentrados nos setores da saúde, transporte público e corte de gastos.
A ampliação da rede de Estratégias da Saúde da Família (ESFs) foi utilizada por Juliano Borges (Podemos), Bugalho e Marcos Lucas. Já Paulo Lima (PSD) focou no atendimento humanizado nas unidades e propôs um Hospital da Criança. Lemes defendeu a realização de gestão por meio de Parceria Público Privada (PPP).
Apesar de ter herdado a UPA do Jardim Guanabara praticamente pronta da gestão passada, Bugalho disse que foi o criador. Já Marcos Lucas citou a implantação de um aplicativo para agilizar as consultas.
Laércio Alcântara propôs a criação de um "Poupatempo da Saúde" e também citou a humanização dos atendimentos nas unidades municipais.
Transporte criticado
Em relação ao transporte público, Alcântara, Lima e Sato fizeram duras críticas ao atual sistema e ao serviço prestado pela Prudente Urbano. Lima disse que resolveria o problema em "apenas 30 dias". Alcântara criticou o valor da passagem e prometeu cobrar o cumprimento do contrato.
Sato focou nos gastos e utilização dos quatro terminais urbanos da cidade e apresentou a proposta de construir uma nova rodoviária ao lado do aeroporto. Já a atual seria transformada em terminal urbano. Borges sugestionou utilizar os terminais urbanos como incubadoras de pequenas empresas.
Copiou?
Durante o debate, Marcos Lucas reclamou que Sato e outros candidatos copiaram sua proposta de implantação de transporte por veículo leve sobre trilhos (VLT). A ideia é utilizar a linha férrea, que segue abandonada, para o transporte de passageiros.
Dados imprecisos
Além de Bugalho, que disse ser o "criador" da UPA da Zona Norte, Paulo Lima também citou dados imprecisos como, por exemplo, ser o autor de emendas como deputado federal para a canalização de córregos chegando ao total de R$ 500 milhões.
Falou ainda que foi o responsável pelo IBC Centro de Eventos - obra da gestão de Tupã - e usou obras realizadas pelo seu pai, o ex-prefeito Agripino Lima (falecido), para turbinar o currículo.
Preocupados com o relógio
Com 30 segundos para a formulação de perguntas e com um minuto para respostas, os candidatos focaram o relógio. Com isso, esqueceram de que falavam com o telespectador e não com o marcador de tempo. Artista de rua, Luiz Valente levou vantagem no quesito e soube explorar as lentes das câmeras.
Já Marcos Lucas preferiu enquadrar os olhares diretamente para os opositores. Nos demais casos, cabeça baixa e olhar desfocado em muitos momentos do debate, que foram ocasionados pelo medo de desperdiçar alguns segundos do escasso tempo oferecido.
Fora do debate
A emissora de TV decidiu não inserir no debate os candidatos Glauco Bazzo (PTC) e João Felício Figueira (PRTB). Eles serão entrevistados durante a programação jornalística ao longo da próxima semana.
Para quem não assistiu, o debate pode ser conferido na íntegra clicando aqui.
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