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Em 12/11/2010 às 11:38
Pela primeira vez desde que foi fundado, o Grêmio Prudente está próximo de conhecer o amargo gosto do rebaixamento. Na lanterna do Brasileirão e com 99% de chances de cair para a Série B, segundo o Infobola, o time que iniciou seus passos em Barueri em 1989 nunca chegou a experimentar uma queda de divisão.
Embora o discurso dos jogadores e do treinador Fabio Giuntini seja de acreditar e lutar até a última rodada, os dirigentes não falam a mesma língua: reconhecem o drama do clube que mudou-se neste ano para Presidente Prudente e falam com praticidade sobre os planos para a Segundona em 2011.
“Trabalhamos totalmente com o rebaixamento. Trabalhamos com a realidade. Como somos um clube-empresa, nos planejamos antecipadamente. Claro que assumir a queda foi mais difícil no aspecto psicológico. Nós nunca perdemos antes, nunca fomos rebaixados ou deixamos de ter acesso. Neste ano conquistamos a vaga na Copa do Brasil do ano que vem, mas ainda assim é difícil de aceitar”, diz o diretor de futebol Rodrigo Pastana.
Atualmente, o Prudente está na lanterna do campeonato, com 27 pontos. Durante a temporada do Brasileirão, o time teve a passagem de quatro treinadores. Toninho Cecílio, que iniciou o campeonato à frente da equipe, deixou o clube com uma proposta melhor do Vitória. Em seguida, Antônio Carlos Zago assumiu, mas acabou demitido, sendo substituído por Marcelo Rospide, que logo pediu demissão.
Fabio Giuntini, que entrou como interino, foi efetivado. A constante troca de comando foi um dos motivos apontados pelo dirigente para as dificuldades, além da distância da nova cidade e sua falta de estrutura.
“Tivemos que nos preocupar muito com a mudança, com os que viriam de lá para cá entre funcionários, jogadores, e acabamos nos esquecendo um pouco do planejamento técnico para os campeonatos deste ano. Pecamos com muitas mudanças de treinador. Não tanto por culpa nossa [Marcelo Rospide e Toninho Cecílio pediram demissão]. Nós acreditamos em um projeto e aí o treinador vem querendo só fazer sua vitrine e depois sair para outro lugar. Além disso, a logística complica, pois para qualquer confronto fora temos que pegar avião para chegar ao lugar [Presidente Prudente fica a quase 600 km da Capital paulista]”, analisa.
O desmanche visando a Série B já começou. Na última semana, o Prudente divulgou a dispensa de cinco jogadores: o zagueiro Cris e o meio-campo Fabiano Gadelha foram autorizados a procurar novos clubes, enquanto o lateral Diogo e o meio-campo Eduardo Ramos foram devolvidos para o Corinthians. O atacante Hugo retornou para o São Caetano. Para completar o quadro, o goleiro Giovanni não renovou seu contrato e deverá trocar de time para a próxima temporada. Ele vinha sendo titular desde que Márcio sofreu uma grave lesão e passou por cirurgia.
“Eles não vinham jogando e também não faziam mais parte do planejamento pra 2011. Decidimos deixá-los correr atrás de seu futuro e cortar nossos custos. Mas não existe a mínima possibilidade de dispensar outros. Vamos com este elenco para o próximo campeonato”, fala Pastana.
Contratações estão na pauta da diretoria, mas visando atletas de divisões inferiores: da B para baixo. Além disso, a ideia para economizar o dinheiro que perderão com as cotas de televisão da CBF e aproveitar o retorno do dinheiro investido em jovens atletas. Giuntini já veio testando alguns nomes, como o meia-atacante Rhayner, que marcou o último gol do time em goleada contra o Goiás, os atacantes Willian, Willian Henrique e Juan, o lateral-esquerdo Saldanha, o zagueiro Goiano e o volante Serginho.
“Temos uma base muito forte e parte do planejamento é aproveitá-la. Para adiantar isso, subimos ainda este ano alguns jogadores. Eles já pegam experiência, participam do Brasileirão. Gastamos quase um milhão na base, então temos que ter resposta. E já estamos entrando em contato com jogadores destaques das Séries B e C”, revela.
Para o dirigente, a torcida está sendo cativada aos poucos e, com o time na Série B, o sentimento poderá crescer por parte da população local.
“Somos um clube muito jovem, a média não vai ser alta de um ano para outro. A perspectiva de um time muito melhor, já que na Série B não seremos o segundo clube de ninguém. Na Série A éramos o segundo clube de muita gente que torce para os grandes, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos...”
A nove pontos do primeiro time fora da zona do rebaixamento, o Atlético-MG, o Prudente espera ao menos não fazer feio na reta final do Brasileiro e desistir de ao menos se esforçar em campo. Em 34 rodadas, o time ficou apenas seis fora do Z-4. Foram sete vitórias, nove empates e dezoito derrotas.
“Queremos fazer um papel honroso para este time. Não podemos terminar o campeonato de forma melancólica”, completa Pastana.