Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Historiador explica a Proclamação da República

Carlos Hideki

Em 13/11/2010 às 11:36

A Proclamação da República aconteceu em 15 de novembro de 1889, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. O historiador prudentino José Caetano da Silva destaca a importância da data e conta como aconteceu e o que levou à transição do sistema monárquico para o republicano.

De acordo com ele, a Proclamação da República mostra um importante momento de transição na história do País. “A data representa o rompimento do sistema monárquico, baseado em um regime hereditário, e a implantação da república, com o voto popular”, esclarece.

O professor conta que o momento exigia a transição política. “O Brasil já estava um pouco defasado em relação aos outros países da América. Apenas ele era monárquico e esse sistema era anacrônico em relação à modernização que atravessava o País”, afirma. 

Silva completa que o capitalismo avançava nesse período. “Foi uma época em que aumentou o número de assalariados, também houve a implementação da lei de terras, legalizando a propriedade privada. O País também estava recebendo imigrantes com uma nova visão de mundo”, comenta.

“Na época, o café estava em ascensão na região do Vale do Paraíba e caminhava para a região oeste de São Paulo. A urbanização atingiu locais históricos e grandes centros começaram a crescer no interior, como Campinas e Ribeirão Preto”, cita o historiador.

Ele conta que os militares também fizeram parte da Proclamação da República. “O Partido Republicano aproveitou que os militares, liderados por Marechal Deodoro da Fonseca, estiveram no Palácio Imperial no período da manhã com a ameaça de dissolver o gabinete imperial, para proclamar a república à noite”, fala Silva.

O professor conta que muitos dos verdadeiros republicanos não participaram da proclamação. “Os exaltados, que eram os verdadeiros, não participaram porque eles já eram divididos, alguns já haviam morrido e também quando entraram os liberais e os republicanos muitos saíram do partido, diz.

“Alguns componentes dos Partidos Liberal e Conservador aderiram ao Partido Republicano após a abolição dos escravos. Eles são chamados de republicanos de 14 de maio porque não receberam ajuda do governo pela liberdade dos escravos e sabiam que a república daria certo”, explica.

Segundo o historiador, a Proclamação da República aconteceu por meio da elite agrária que inicialmente apoiava o regime que foi deposto. “Eles eram a antiga base de sustentação da monarquia e se interessaram pela república a partir do momento em que a monarquia deixou de satisfazer seus interesses.”.

Sobre os militares, Silva diz que alguns eram provenientes da monarquia. “O Marechal Deodoro chegou até a ser o homem de confiança do imperador. Alguns historiadores acreditam que ele não tinha o objetivo de participar e que queria só destruir o gabinete do Visconde de Ouro Preto, que era um desafeto”, comenta Silva. “Dizem que o Deodoro não gritou ‘viva a república’, mas sim ‘viva o imperador’”, comenta.

O professor aponta duas grandes mudanças com a Proclamação da Republica. A primeira foi o voto. “Houve uma abertura política e o povo começou, ainda não em sua totalidade, a escolher o presidente, o governador e as Câmaras Municipais. Naquela época não existia prefeito, quem exercia a sua função era o presidente da câmara”, explica.

O outro fator foi a criação da constituição em 1891. “Ela separou Igreja e Estado, e tornou o Brasil um País laico. Com isso houve uma popularização dos cemitérios, que passaram a ser administrados pelas prefeituras, e o inicio do casamento civil, antes o que contava era o religioso”, analisa.

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