Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

PP possui 13 mil famílias em situação de vulnerabilidade, aponta Penati

Maycon Morano

Em 22/12/2010 às 14:18

A maior cidade do Oeste Paulista possui, hoje, cerca de 13 mil famílias em situação de vulnerabilidade social cadastradas na Secretaria de Assistência Social de Presidente Prudente, conforme dados apontados pela chefe da Pasta, Regina Penati, no balanço do ano apresentado na série de entrevistas especiais do Portal.

Vereadora do município no período de 1997 a 2000, ela, que afirma “amar a política”, alerta que o iminente desenvolvimento econômico da cidade deve, também, ser acompanhado da evolução social de todas as camadas da população local.

Mestre em educação, a prudentina de 46 anos diz que seu “grande prazer” é andar pelos bairros da cidade para estar em contato com a população. Regina pontua sobre os projetos desenvolvidos por sua Pasta em 2010 e os planos para 2011, como o aumento do efetivo da Assistência Social para conseguir cobrir todas as regiões de Presidente Prudente.

 

Confira abaixo a entrevista completa com a secretária de Assistência Social de Prudente:

Portal: Quantas famílias em situação de vulnerabilidade social existem, hoje, em Presidente Prudente?

Regina Penati: Trabalhamos com estudos nacionais e locais. Eles apontam que normalmente a gente tem em torno de 25% da população, o que daria em torno de 50 mil habitantes em situação de vulnerabilidade. Dentro dessas 50 mil, existem suas gradações, quem está numa situação mais profunda. Em nosso cadastro tem cerca de 13 mil famílias, quase 14 mil. A ideia é chegar a 15 mil, o que nos permitiria ter mais clareza das políticas públicas a serem efetuadas.

P: Destas famílias, toda recebem atendimento direto pelos programas?

RP: Nem todas precisam de um acompanhamento diário, mas nós temos 5.500 famílias que são atendidas pelo Bolsa Família. No Renda Cidadã, que o Estado repassa R$ 80, existem 310 famílias. Além dos 500 jovens que são contemplados pelo Ação Jovem, que também recebem o mesmo valor para continuarem os estudos, ou terminá-los.

P: Como a Assistência Social atua em Prudente?

RP: Atendemos cerca de 10 mil famílias dentro do processo de transferência de renda, atendimento nos Cras [Centro de Referência da Assistência Social], atendimento nos projetos especializados. Avançamos nas regiões, nos bairros da cidade que precisam de uma ação mais pontificada do setor público, principalmente as áreas norte e leste da cidade, que são regiões que merecem uma atenção maior do município, como o Humberto Salvador, Morada do Sol, toda essa região, que ainda passa pela Vila Líder, Jardim Brasília.

P: Todas as equipes da Pasta cobrem estes locais e toda a cidade?

RP: Na realidade ainda temos equipes que precisam ser ampliadas e configuradas também do ponto de vista do conjunto de profissionais possíveis. Avançou razoavelmente nessa questão, mas ainda temos um desafio para o próximo ano que é de fato tornar essas equipes em número de profissionais e em diversidade de profissionais para poder atender esse público, que é um público que precisa ter um trabalho tanto de ação, de atendimento, quanto de um trabalho preventivo.

P: Porque as equipes precisam ser ampliadas?

RP: Essas regiões apontam que as equipes para atender as famílias precisam ser com vários profissionais, como psicólogos, assistentes sociais, advogados, e esse é um trabalho que a gente vem desenvolvendo na medida do possível, já que ainda a gente vem enfrentando problemas de falta de funcionário, mas estamos tentando ampliar um pouco mais essa quantidade de profissionais que vêm trabalhando com essas famílias.

P: Esse profissional é diferenciado?

RP: Trabalhar com família não é uma coisa simples, requer que o profissional tenha cada vez mais aprofundamento da compreensão da situação que enfrenta, que se dispa de preconceitos, de visões estereotipadas de como seria uma família ideal ou correta. É preciso trabalhar com essas famílias a partir do que elas trazem, com as dificuldades e potencialidades que apresentam. Pensar também as potencialidades dessas comunidades. Além disso, o acolhimento do técnico é muito importante. Tem pessoa que você precisa pegar pela mão, ir junto e acompanhar. Isso demanda um esforço muito grande.

P: Com a ampliação das equipes, existe a intenção da instalação de outros centros de referências?

RP: Precisamos implementar mais um Cras, mas isso também precisa de equipe para poder atender mais uma faixa da cidade, que embora não seja de muita vulnerabilidade, precisa ter um olhar mais específico dos técnicos do Cras para que possamos prevenir problemas que poderão aumentar no futuro. Não temos um na sudoeste, no Ana jacinta. É um local que atendido pelos técnicos da secretaria, mas precisamos ter esse processo no território, olhando os problemas de dentro.

P: Apesar de ser uma região grande espaço territorial e de população, o na Jacinta não tem uma quantidade grande de cadastro de famílias na Assistência Social e nem a necessidade?

RP: É menor que nas outras regiões. A implantação dos programas começou pelas áreas mais vulneráveis. No Ana Jacinta a gente tem situações de vulnerabilidade menos intensas, mas nem por isso deixam de ser atendidos pelos programas. Porém, falta ainda uma equipe mais estruturada nessa região, que é grande e diversa.

P: Uma cidade que tenha uma explosão demográfica, o que deve acontecer com Prudente, geralmente apresenta problemas maiores no lado social. Essa é uma preocupação de sua Pasta?

RP: Essa deve ser uma grande preocupação nossa, porque não basta que a gente cresça, é preciso ter essa dimensão de desenvolvimento. Mas eu acho que Prudente tem se tornado uma cidade muito sensível nessa questão. Você tem visto que a articulação da cidade em torno de causas mais amplas tem sido forte. Uma cidade mais solidária. Você não pode ser de fato uma cidade considerada de porte médio no País, que tem um potencial de vida bom, sem olhar cuidadosamente para esse conjunto da população.

P: Esta seria uma forma de não atrair também os problemas das grandes cidades?

RP: Exato. Porque aí a gente pode crescer de uma maneira mais saudável. Nós temos essa preocupação de crescer se desenvolvendo. Esse é nosso desafio. Estamos trabalhando nos territórios da cidade para fortalecer a parte de serviços, lidando com criança, adolescente, jovem, com as famílias e também lidando com idoso, que é uma área que a gente também fez um desenho mais apurado. A gente quer que na medida em que a cidade cresça, essas famílias possam absorver e participar desse crescimento, não ficar à margem.

P: Quantos jovens estão em situação de risco em Presidente Prudente?

RP: Temos diferentes projetos que nos dão respostas desses números. Tanto o Bolsa Família, quanto o Ação Jovem e o Renda Cidadã, eles trabalham no sentido de que o jovem dessas famílias estejam na escola ou voltem para a escola. A Secretaria de Educação fez um trabalho importante recentemente com o Projovem Urbano, que acabou reinserindo cerca de 700 jovens das duas turmas. Projovem Adolescente, que lida com jovens de 15 a 17 anos, que é um esforço para trazê-los de volta para a escola, são 350 jovens; e temos a ação junto aos menores infratores.

P: Como é trabalhar com jovens em situações de risco?

RP: É extremamente penoso, difícil trabalhar com jovens nessa situação. As famílias ficam muito demolidas nesse processo. São ações que demandam mais atenção. A gente entende que esse é um desafio constante e que precisamos estar sempre alerta. Os jovens vivem um momento de muita turbulência pela própria condição de serem jovens e estar em busca de várias questões, mas principalmente os jovens de famílias empobrecidas têm limitações muito grandes. Nos bairros, a gente precisa estar trabalhando com as ações de famílias e ideias de desenvolvimento local. Não tem ação isolada que dê conta. Você precisa ter ações coordenadas entre todas as secretarias, como a de Desenvolvimento Econômico, Educação, Saúde, Esporte.

P: O prudentino é solidário?

RP: Com certeza. Prova disso é o apoio da população em nossas ações sociais. Além disso, a rede sócio-assistencial de Prudente tem se fortalecido e tem uma perspectiva boa par atender a população. Temos ampliado recursos do Gepac [Grupo de Empresários e Profissionais Amigos da Criança], que é uma articulação da sociedade. Existe uma dimensão solidária na cidade que é boa e precisa ser alimentada e fortalecida, porque isso pode fazer de Prudente uma cidade grande, no sentido de ter as coisas de cidades maiores, mas que guarda essa dimensão comunitária, que é fundamental para você diminuir a violência. Se conseguirmos crescer equilibrando isso, teremos uma cidade boa para se morar.

P: Quais os planos da Assistência Social para 2011?

RP: Ampliar alguns atendimentos na área do idoso. Precisamos ter mais um abrigo para atendimento emergencial a criança e ao adolescente. Temos que criar processos nos bairros para a população se articular com as políticas públicas, de uma maneira que o benefício venha mais rápido. Pensar junto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico mecanismos que vão servir como geração de renda para essa população. Fortalecer nossa capacidade de informação e nosso corpo técnico. Solicitação que já fiz ao prefeito, que é contratar mais profissionais. Estamos chegando ao nosso limite, como algumas outras áreas da prefeitura.

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