Mais do que um livro, “Enfrentamento da Revitimização: A escuta de crianças vítimas de violência sexual” vem com o ideal de discutir qual rumo é dado para colaborar com a legislação vigente sobre casos de abuso sexual infantojuvenil. O intuito final é o de proporcionar qualidade nos atendimentos aos vitimizados para que os direitos deles sejam garantidos. A obra voltada principalmente a acadêmicos de Psicologia é de autoria de Cristiane Andreotti, mestre em Psicologia Social. O livro será lançado na quinta-feira (9), no Centro Cultural Matarazzo.
Revitimizar a criança ou o adolescente significa trazer de volta o sofrimento. Segundo Cristiane, a fatalidade de trazer à tona o que de ruim aconteceu vem devido a alguns profissionais não terem preparo adequado para escutar a vítima de forma mais correta. Ela diz que todas as pessoas envolvidas no atendimento podem estar incluídas nesse novo prejuízo, como assistentes sociais, delegados e profissionais do Direito.
“O mais importante do livro é que mostra quais caminhos a criança ou o adolescente que supostamente sofreu a violência deve percorrer”, relata. De acordo com ela, “as pessoas acham que porque o agressor foi denunciado e descobriu-se que a criança foi violentada sexualmente, agora ela está bem. Mas toda a trajetória que ela passa quando acontece essa revelação a revitimiza, é perversa, torturadora”.
O livro, primeiro da carreira de Cristiane, é uma adaptação da dissertação que ela fez para o mestrado em Psicologia Social pela PUC-SP. Ela explica que a temática da obra está em voga tanto no Brasil quanto no Direito Internacional. E o interesse dela acerca do assunto teve início ainda na graduação: quando trabalhava na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) prestou depoimento a um juiz sobre um caso de violência sexual infantil. “Fiquei me perguntando até que ponto o dano que a criança sofre com a violência é maior do que o dano do atendimento”, relembra.
Contribuíram, também, para Cristina pesquisar sobre esse contexto, depoimentos e trabalhos realizados por dois profissionais de Porto Alegre (RS). Como cita, os primeiros a tentar mudar a forma de inquirir a criança ou o adolescente vitimizados foram José Antônio Daltoé Cezar, juiz da Vara da Infância e da Juventude, e Veleda Dobke, promotora da Vara da Infância e da Juventude. (Com assessoria de imprensa)