ROGÉRIO MATIVE
Em 04/09/2020 às 17:18
Funcionários da Prudente Urbano cogitam cruzar os braços a partir da próxima semana
(Foto: Arquivo/Secom)
O prazo de 48 horas fixado pela Justiça do Trabalho foi ignorado pela concessionária Prudente Urbano, que decidiu creditar apenas R$ 250 dos R$ 500 determinados por meio de liminar em relação ao pagamento do vale-alimentação aos funcionários. O valor, que já consta no sistema, poderá ser utilizado apenas a partir do dia 10. A medida agravou o descontentamento da categoria, que estuda entrar em greve a partir da próxima semana.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (Sintrattepp), o valor é metade do total devido pela empresa, que deveria ter sido pago no dia 20 de agosto. A entidade diz que aguardará até semana que vem para tomar uma decisão sobre o assunto.
Contudo, a onda de descontentamento cresceu e os funcionários já demonstram o desejo de cruzar os braços nos próximos dias caso a situação não seja resolvida. "Os funcionários estão revoltados. Estamos trabalhando no fio da navalha. Já ouvimos nos corredores que até o salário pode não sair. Acho que é muito grande a chance de greve", diz um funcionário, que pediu para não ser identificado por medo de sofrer retalhação.
Já um outro trabalhador chama a atenção para os ônibus que circulam lotados nos horários de pico. "Estão rodando lotados, só não rodam quando não tem ninguém. De manhã, a tarde, nos horários de pico, seguem rodando lotados. Como não tem dinheiro para pagar a gente?", questiona.
Esta é a segunda vez que o pagamento do vale-alimentação gera atrito entre a empresa e funcionários. Em abril, a categoria entrou em greve deixando o transporte coletivo parado por quase dois dias.
Pede ajuda à Prefeitura
Nos últimos dias, diretores da Prudente Urbano têm pressionado a Prefeitura para que apresente um plano auxílio. Nessa quinta-feira (3), eles participaram de reuniões com o prefeito Nelson Bugalho (PSDB) e com o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Adauto Lúcio Cardoso. Porém, foram avisados da crise econômica que o município atravessa, conforme apurou o Portal.
Em nota, a Prudente Urbano não respondeu aos questionamentos realizados pela reportagem justificando que "assuntos internos serão abordados com seus funcionários, Sindicato e Justiça, cumprindo como de costume as determinações judiciais".
"A empresa não mediu esforços para honrar os compromissos financeiros com seus colaboradores, nunca afetados, antes da pandemia, durante todo o período em que presta serviços no município. Porém, não tem mais condições de enfrentar sozinha, enquanto concessionária, os reflexos na redução de sua receita, com a chegada da pandemia", diz o texto enviado pela assessoria de imprensa.
Apesar de não comentar sobre o teor do diálogo, a concessionária admite ter discutido o assunto com a Prefeitura. "E tem buscado, como prestadora de um serviço público e essencial, o Poder Concedente para uma solução no impasse que atinge seus os funcionários e a Mobilidade Urbana", finaliza.
Pode pagar multa
Em sua decisão, registrada no dia 2 deste mês, a juíza da 1ª Vara do Trabalho, Nelma Pedrosa Godoy Sant'anna Ferreira, acatou as provas apresentadas em ação movida pelo sindicato. Desta forma, determinou que a Prudente Urbano efetuasse o pagamento integral do vale-alimentação no prazo de 48 horas.
A multa imposta caso descumpra a medida é de 50% do salário mínimo em favor de cada empregado prejudicado. Foi concedido o prazo de 15 dias para que a empresa conteste a decisão, sob pena de revelia e confissão. Porém, a juíza faz uma ressalva: a Prudente Urbano não poderá utilizar a opção "sigilo" na petição.
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