*Rubens Shirassu Júnior
Em 04/04/2015 às 07:47
(Foto: Ilustração)
O mundo parece esconder uma infinidade de objetos pequenos que se derretem diante dos nossos olhos, entranhados no chão e na lembrança, qual moeda, chaveiro ou borracha desaparecidos pela casa, ninguém sabe e ninguém viu...
No entanto, ninguém perde um elefante. Perde-se uma aliança, um alfinete de gravata, uma corrente de ouro, um colar... Mas, me explique por que ninguém perde de vista um navio, a menos que naufrague?
Não gosto de perder coisas, quem gosta? Porém, objetos continuam sumindo todos os dias, grampos que caem do cabelo de uma mulher, lapiseiras que criam pernas, lápis de cor fogem do arco-íris da caixa e se embrenham no mundo procurando devolver à madeira da floresta.
Ah, talvez seja por isso que tenhamos esta sede sem nome por encontrar navios submersos há dezenas ou centenas de anos. Talvez seja por isso que a descoberta dos tesouros povoem o nosso imaginário com seus colares e moedas, seus diademas e anéis, suas pedras preciosas de todas as cores e formas de lapidação.
É por isso que temos o encantamento das conchas que guardam pérolas: seriam as antigas pérolas, as que lá se escondem sem nunca ali terem sido criadas, caídas dos diademas das princesas ou rainhas?
Apesar de que, tudo desaparece, tudo volta a ser o que era. No entanto, quem faz desaparecer os tiranos e suas guerras de interesses? Quem, olhando a beleza da pérola supõe transformada a química clandestina na delicada concha, quieta e, aparentemente inútil, no fundo mar, é um testemunho de que, no mundo, quando queremos, deixamos o outro encontrar o que fomos um dia.
*Rubens Shirassu Júnior é escritor
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