*Rubens Shirassu Júnior
Em 14/11/2018 às 15:07
Bar Cruzeiro do Sul foi um dos pontos de encontros mais famosos de Presidente Prudente
(Foto: Acervo/Museu Municipal)
A pizzaria Tia Eva, os bares Cinelândia, Roda Viva, do Avelino, Clube da Esquina, Toca da Raposa e o Alquimia Bar, no eixo central de Presidente Prudente, entre as avenidas Coronel José Soares Marcondes, Manoel Goulart, Washington Luiz e, entre as ruas Djalma Dutra, Rui Barbosa, Casemiro Dias e Siqueira Campos, ganharam de presente um material audiovisual contendo um pouco da história da noite em Presidente Prudente.
Junto às minhas impressões das relações com os clientes e da importância de resgatar a memória destes, podemos dizer “pontos de cultura” desde a ditadura militar, da década de 1970, chegamos à abertura política do ex-presidente João Batista Figueiredo, a partir de 1980.
Desde 1979, na via sacra, notei que havia uma poeticidade latente em cada elemento pontual destes espaços. Da profusão de cores que compõe a imagética do ambiente à pluralidade diversa da clientela.
Daí, foi preciso uma pesquisa de recapitulação, de reflexão para retratar um pequeno perfil de cada proprietário que, de certa forma, personifica o nome de seu estabelecimento: a forma de atendimento despojado e o astral.
No caso, o Alquimia Bar tornou-se marca registrada de um período e de uma geração, com identidade própria. Mesmo que o espaço destes bares fosse acanhado.
Que as geladeiras e engradados tomavam quase que a totalidade do ambiente, e formavam um colorido vivo que estava em consonância com a diversidade dos frequentadores. Que o som formava uma verdadeira algaravia de ruídos, dos toca-discos, das fitas cassetes, entre os sons das ruas e das pessoas.
Trata-se de uma tentativa de entrar nesse mundo múltiplo da sonoridade, do sensorial, do encontro. Mostrar o porquê de as pessoas estarem ali.
Mas o discurso delas não é a tônica dessa nova empreitada, e sim essa magia que encontramos em uma mesa de bar, em algumas geladas, em porções de salgados, no tempo que passa e ao mesmo tempo é congelado num momento único de felicidade nas expressões seja de um gesto hilário ou até um alento para as neuras da opressão, da decepção, do recalque ou puro passatempo.
*Rubens Shirassu Júnior, escritor, pesquisador e pedagogo
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