*João Bosco Leal
Em 28/04/2014 às 07:19
(Foto: Ilustração)
Nessa estrada muitos são os que se acomodam, decidem permanecer onde estão e desistem de uma nova tentativa, mas há os que, por maior que seja a queda, não se intimidam e continuam, sem parecer terem sido afetados, o que não significa que não tenham sentido, se esfolado, arranhado ou mesmo se machucado, muitas vezes de forma irreversível.
Um acidente ou uma doença grave - mesmo quando não deixou sequelas ou foi curada -, normalmente transforma o comportamento das pessoas, que passam a ter muitas apreensões, preocupações, dúvidas e medos.
A morte de um ser querido muito próximo, por exemplo, provoca uma dor indescritível nos que ficaram e permanecerá, machucando-os diariamente, a cada minuto, durante toda a sua vida. Uma simples foto que não conheciam ou uma que reveem, podem provocar lembranças, emoções, lágrimas e sentimentos de saudades. Imagine, então, a dor daqueles que perdem alguém que - pelo menos cronologicamente -, ainda não deveria ter partido.
Isso, entretanto, não lhes dá o direito de ficar se lastimando, porque os trabalhos, tropeços, quedas e dores de cada um são exclusivamente seus, indivisíveis e devem ser suportados individualmente. Apesar de muitos serem os que se oferecem para ajudar, ninguém é obrigado a partilhar a carga alheia.
Em diversas ocasiões pelas quais passei, repetia inúmeras vezes em minha mente: "não é nada, logo vai passar" o que me ajudou a superar as dores que sentia, pois apesar da consciência de que muitas dores jamais passarão, naquele momento, esses pensamentos me permitiam sair da pior fase.
A fé sempre me ajudou muito, pois sempre imaginei que, se como pai nunca daria a um filho uma responsabilidade ou tarefa que ele não pudesse realizar, sendo eu filho de Deus, creio que Ele jamais me daria algo que não tivesse forças para carregar, o que me capacita a suportar todas as cargas e dores que a vida me apresentar.
Assim, sabendo que vou suportar, acredito no "não é nada" e não me acovardo diante das situações ocorridas ou - simplesmente por ter sofrido um acidente -, deixo de fazer o que antes me proporcionava prazer.
A cada momento, durante toda a vida, temos de tomar os mais diversos tipos de decisão e erros de percepção, julgamento e análise dos riscos podem ocorrer, mas tentando evita-los, muitos possuem excesso de cuidados e com isso deixam de viver experiências maravilhosas, pois se esquecem de que não há como se prevenir contra tudo e todos.
As dores sofridas, físicas, mentais ou emocionais, também podem nos fazer enxergar coisas, opções e até pessoas, que antes só víamos.
Só com nossas experiências ou de outros, adquirimos sabedoria, que diferentemente de tudo o que é material, jamais nos será tirada ou perderemos, e, com ela, poderemos perceber, analisar e julgar melhor cada situação.
Diariamente estamos envelhecendo e a única coisa que nos resta é um futuro finito, mas eternamente incerto. Portanto, devemos aceitar os limites que a idade nos impõe e viver tudo o que pudermos.
A vida, com seus altos e baixos, alegrias, tristezas, riscos e dores, deve ser vivida sem medos.
*João Bosco Leal é jornalista, escritor e empresário
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