*João Bosco Leal
Em 04/07/2014 às 09:23
(Foto: Arquivo)
O Brasil é, realmente, um país diferente, pois em todo o mundo, o que mais vemos são pessoas, grupos empresariais e governos investindo sistematicamente - e cada vez mais -, em educação e nas mais diversas especializações da área, enquanto aqui isso parece não ser necessário.
A Coréia do Sul é um bom exemplo de país que, nos últimos cinquenta anos, optou por realizar investimentos pesados em educação, o que a transformou, nesse curto espaço de tempo, em uma potência industrial na produção de veículos, tecnologias de informação e telecomunicação, além de aparelhos eletrônicos das mais diversas áreas. Foi o que a tornou tão diferente, mais rica, progressista e culta que sua antiga irmã Coréia do Norte.
Enquanto isso, em nosso país, continuamos com o sistema patriarcal do Estado que provê os analfabetos ou menos instruídos, dando-lhes o pão e o circo, em troca de votos para os coronéis no poder. O local onde quanto pior melhor, pois assim, em períodos de eleições, os políticos podem prometer melhorias na saúde, educação e outras, para convencer o eleitor.
Aqui, os políticos que se dizem de origens pobres, que passaram fome em sua infância e juventude, comovem e ganham os votos dos que vivem ou viveram na mesma situação, mas depois de eleitos passam a sequer tomar conhecimento dessa grande parcela da população, que só voltará a ter importância no período que antecederá as próximas eleições.
Entre essas duas eleições, sua única preocupação passa a ser exclusivamente de como "lucrar" mais. Seus filhos normalmente são enviados para estudar fora do país e, apesar de seus salários serem elevados para os padrões do país, jamais conseguiriam explicar sua capacidade de multiplicação de seu patrimônio pessoal, dos filhos, genros, noras ou dos amigos, conhecidos como "laranjas".
Os ternos e vestidos caríssimos, feitos sobre medida pelos maiores costureiros do país ou do exterior, os cabeleireiros e maquiadores prediletos que levam em suas viagens, os charutos, alimentos e bebidas importadas, além das suítes dos hotéis mais caros do mundo, passam a fazer parte do cotidiano desses antigos "miseráveis".
Filhos antes subempregados, imediatamente tornam-se sócios das principais empresas do país, nas mais diversas áreas, sem nenhuma explicação lógica para essa "genialidade comercial" e nenhum dos outros Poderes legalmente constituídos - geralmente também participando do mesmo esquema -, toma qualquer tipo de atitude para impedir que isso continue ocorrendo.
A "competência" desses políticos é tão elevada que quando acabam seus mandatos podem dar aulas - saem pelo mundo dando palestras - de como conseguiram tornar este país uma maravilha e de como tiraram milhões da zona de pobreza extrema.
Com o dinheiro público fazem inúmeras "benesses", como construir portos, usinas hidrelétricas e rodovias em outros países, enquanto internamente continuam deixando a população morrendo nas filas de hospitais, sem escolas e sem infraestrutura necessária para escoar o que aqui produzimos.
A lei 12.663, de 05 de Junho de 2012, que ficou conhecida lei Geral da Copa, mostra outra dessas "caridades" feitas com o dinheiro público. Em seu artigo 37, além da aposentadoria vitalícia pelo teto máximo do INSS, ela concede um prêmio de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a todos os jogadores, titulares ou reservas, das seleções brasileiras campeãs das copas mundiais masculinas da FIFA nos anos de 1958, 1962 e 1970.
Como podemos esperar um país melhor para nossos filhos e netos com atitudes e exemplos como esses? Esses jovens certamente questionarão:
Estudar para que, se podemos ser políticos corruptos ou jogadores de futebol?
*João Bosco Leal é jornalista, escritor e empresário