*Rubens Shirassu Júnior
Em 14/05/2018 às 12:09
Num país como o nosso, tão carente de soluções alternativas, seria particularmente conveniente que a atividade criadora fosse estimulada, em todas as suas formas
(Foto: Ilustração/Rubens Shirassu)
Você se considera uma pessoa criativa? Será que nós nascemos criativos ou então nada há que se fazer? Perguntas como estas são respondidas de diferentes maneiras e pessoas, mas se a pergunta em questão fosse; Você gostaria de ser criativo? Certamente a resposta seria afirmativa. E não é difícil imaginar porque todos nós gostaríamos de ter o potencial criador, algo que definitivamente nos diferencie dos animais irracionais.
Na verdade, essa matéria tem sido exaustivamente pesquisada nas últimas décadas e os resultados obtidos são, no mínimo, estimulantes. O que se descobriu é que qualquer um de nós pode, perfeitamente, tornar-se uma pessoa de grandes capacidades criadoras, um inovador em tudo o que se propõe realizar. É uma questão de desaprender conceitos incorporados em nossas experiências anteriores, e iniciar a utilizar algumas técnicas de geração de ideias.
Hoje, sabemos que o ser humano é bastante limitado por fatores culturais, emocionais e por uma percepção inadequada de sua própria condição. Esses fatores representam fortíssimos bloqueios à atividade criadora, muitos deles atuando no inconsciente.
Entretanto, é no mercado cultural que a utilização de todo o nosso potencial criativo se faz necessário. São ainda poucas as organizações industriais, comerciais e do setor de serviços que investem adequadamente em projetos culturais criativos de todas as áreas da cidade ou da região.
À primeira vista, uma atitude de característica bairrista, entretanto, por outro lado, valoriza e divulga os expoentes de cada área e, principalmente, favorece o comércio, gera emprego no setor de restaurantes, hotelaria e promove o turismo religioso ou do tipo do passeio de resgate cultural no museu e arquivo municipal, sem esquecer também das áreas que contém águas térmicas, podemos enumerar a profissionalização dos artesãos e dos artistas plásticos, no aprimoramento de seus produtos junto à estratégia ou marketing de vendas, incluindo objetivos, metas e diretrizes a serem alcançadas, além do acompanhamento de cada etapa por consultoria.
Sim, realmente, com a visão comercial e pragmática do século 21, de quem você tem um produto cultural vendável e quebrar os paradigmas, entre outros estigmas e rótulos, de que o artista é um eterno visionário romântico e mercador de nuvens, vivendo apenas da luz e do éter, sem contas a pagar ou os compromissos básicos de um cidadão comum! Com a qualidade sendo prioridade máxima, antigos problemas como quantidade, prazo e custos ficam em segundo plano.
Num país como o nosso, tão carente de soluções alternativas, seria particularmente conveniente que a atividade criadora fosse estimulada, em todas as suas formas. Além disso, a capacidade criadora também nos diferencia dos demais membros da nossa comunidade. Esse plano de cultura e marketing deve priorizar também a importância de uma educação que trabalhe a interculturalidade, ou seja, a interação entre as diferentes culturas como um caminho eficiente para estimular a consciência do indivíduo e sua capacidade de se relacionar com o mundo.
Como também o prazer do saber nos proporciona a liberdade de pensar livre, nos conscientiza dos deveres e dos direitos na condição de agentes participantes e, possibilitando a independência financeira, pois se constata o desaparecimento gradativo de profissões, além do predomínio da tecnologia digital operando nas empresas, nas instituições financeiras, nos hipermercados e nas indústrias.
O ser criativo é comumente tido como mais inteligente que os demais, e também, via de regra, a criatividade está intimamente associada ao sucesso social e profissional. Cultura, como um negócio e um produto que depende de ideias. Assim, hoje, dentro da concepção mercantilista global necessita também dos pensadores e vendedores de entretenimento e de ilusões! Qualidade do produto cultural atingindo a máxima satisfação do cliente, a um preço de venda compatível.
Existem mesmo algumas frases frequentemente utilizadas por pessoas em cargos de chefia ou mesmo por colegas de trabalho que, em vez de estimular/vender a imagem que a empresa apoia a cultura da sua cidade, como produto que agrega valores, além de propagar a consciência de cidadania. Pelo contrário, esses indivíduos funcionam como verdadeiros “assassinos de ideias.”
Alguns exemplos são: “Não seja ridículo”. “Isso nos custaria muito dinheiro!” “Isso é responsabilidade do governo e da secretaria da cultura”, “não estamos preparados para isso”, “Vamos deixar o tempo passar”, vamos formar uma comissão, ou a tão conhecida “não iria funcionar em nossa empresa.” Os produtos culturais perdem minutos de atenção dos profissionais de marketing, de empresas ou de agências de propaganda, em razão da qualidade (os direitos tradicionalmente conhecidos, mais os resultados da não-conformidade, como por exemplo, problemas de produção editorial, capa, folder, catálogo ou embalagem mal elaborados, erros de ortografia e gramática, além da escrita sem estilo, sem criatividade, sem ser persuasiva e nada convincente ou faltando argumentação consistente. Ou seja, um produto cultural sem atrativo algum.)
As secretarias de cultura, de alguns estados, estão estimulando o turismo cultural para que as cidades do interior do Brasil desenvolvam planos que favoreçam o giro de capital e a geração de empregos, a exemplo de prestadores de serviços, para que o município se autossustente e não dependa de verba de governadores e, naturalmente, de favores políticos partidários, além de dar margem ao oportunismo dos interesses próprios de grupos empresariais corporativistas.
Tal iniciativa exige dos gestores e produtores de cultura a capacitação através de cursos de atualização, e acompanhamento constante de consultores devidamente capacitados, e contratados após o processo de licitação, pelas administrações locais. Por outro lado, os políticos terão que ter paciência, porque o processo de conscientização dos empresários e da classe artística é moroso, e chegará a duas gestões e dois anos. O que demonstra ser um trabalho árduo, que exigirá compenetração, dedicação e fôlego das partes.
Num país como o nosso, tão carente de soluções alternativas, seria particularmente conveniente que a atividade criadora fosse estimulada, em todas as suas formas. Além disso, a capacidade criadora também nos diferencia dos demais membros da nossa comunidade. Esse plano de cultura e marketing deve priorizar também a importância de uma educação que trabalhe a interculturalidade, ou seja, a interação entre as diferentes culturas como um caminho eficiente para estimular a consciência do indivíduo e sua capacidade de se relacionar com o mundo.
Como também o prazer do saber nos proporciona a liberdade de pensar livre, nos conscientiza dos deveres e dos direitos na condição de agentes participantes e, possibilita a independência financeira, pois se constata o desaparecimento gradativo de profissões, além do predomínio da tecnologia digital operando nas empresas, nas instituições financeiras, nos hipermercados e nas indústrias.
O ser criativo é comumente tido como mais inteligente que os demais, e também, via de regra, a criatividade está intimamente associada ao sucesso social e profissional. Cultura, como um negócio e um produto depende de ideias. Assim, cultura é uma linguagem política hoje, inserida dentro da concepção mercantilista global manipuladora necessita também dos pensadores e vendedores de entretenimento e de ilusões, que imprimem um aparente sopro de vida reconfortante!
*Rubens Shirassu Júnior é escritor e pedagogo