Contrário nos últimos dias, deputado cita "importantes mudanças nas leis"
ROGÉRIO MATIVE
Em 27/04/2017 às 09:47
Deputado federal Izaque Silva (PSDB) teve que abandonar seu posicionamento e ceder à pressão tucana
(Foto: Alexssandro Loyola/AI PSDB)
Contrário à Reforma da Previdência e com discurso alinhado pela defesa dos direitos trabalhistas, o deputado federal Izaque Silva (PSDB) teve que abandonar seu posicionamento e ceder à pressão tucana - fechada com o governo - para a aprovação da proposta de reforma trabalhista.
A Câmara dos Deputados aprovou, por 296 votos a favor e 177 votos contra, o Projeto de Lei (PL) 6.787/16, que trata da reforma trabalhista e altera mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A sessão que aprovou a reforma foi aberta na manhã dessa quarta-feira (26) e foi encerrada às 2h06 desta quinta-feira (27).
Entre as alterações, a medida estabelece que nas negociações trabalhistas poderá prevalecer o acordado sobre o legislado e o sindicato não mais precisará auxiliar o trabalhador na rescisão trabalhista.
Nos últimos dias, Izaque Silva - que representa a região após assumir a suplência no início do ano -, votou contra o regime de urgência para o Projeto de Lei da Reforma Trabalhista. No mês passado, ele também se posicionou contra o PL 4.302/1998, de autoria do Executivo, que liberou a terceirização para todas as atividades.
“O referido projeto [de lei da Reforma Trabalhista] deve ser melhor debatido com os trabalhadores e com o povo em geral. Entendemos que devemos ampliar essa discussão, por isso, que votei contra o regime de urgência. O trabalhador precisa ser o centro de todas estas discussões e, inclusive, ser ouvido. Precisamos ter equilíbrio nessas votações importantes para o país”, defendeu Izaque Silva, na ocasião.
Porém, o PSDB seguiu com apoio fechado ao governo de Michel Temer para a aprovação da reforma trabalhista, o que culminou em 43 votos a favor do projeto e apenas um contrário dentro do partido, a deputada de Santa Catarina, Geovania de Sá.
Mudou de pensamento
Classificando como "importantes mudanças" nas leis trabalhistas, Izaque Silva justificou seu voto acompanhando a decisão do PSDB. "Ante a urgência de modernizarmos situações às quais empregados e empregadores estavam amarrados com leis que remontam meados do século passado e estabelecermos novos parâmetros que exigem olhar para um futuro que nos cobra a necessidade de retomar o desenvolvimento, creio que nosso partido tomou uma difícil, mas correta decisão nesta data", diz.
"Mantenho minha coerência ao ter me posicionado tanto na votação quanto nas discussões internas sobre a terceirização do trabalho. Reconheço que fui voto vencido, mas também não posso duvidar que há importantes alterações às quais o trabalhador não poderia ficar à mercê de antigas amarras", reflete.
Entre os argumentos, o deputado cita o fim da contribuição sindical para votar favorável à reforma. " Com a modernização da reforma trabalhista, os impostos sindicais tornam-se facultativos, o trabalhador terá de autorizar prévia e expressamente o desconto desta contribuição", pontua.
"Enfim, estes são apenas alguns dos vários avanços que o Brasil precisava enfrentar com a coragem e determinação que o momento exige, a fim de que possamos retomar nosso caminho pelo desenvolvimento sem perder nossa vocação de povo guerreiro e trabalhador", finaliza.