Conheça currículo de um dos decanos entre os deputados paulistas
ROGÉRIO MATIVE
Em 04/07/2016 às 14:52
Nos bastidores, a aposta é que Bragato mantenha sua influência política apesar da cassação.
(Foto: Arquivo)
Formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Sociologia, Mauro Bragato foi eleito pela primeira vez como deputado estadual em 1978. Ao longo dos anos, ele conseguiu emplacar nove mandatos, sendo o último com sua maior votação conquistada: 175.839 votos, ficando como o quinto deputado com maior número de eleitores do PSDB e o 10º do Estado.
Legislador "nato", Bragato se aventurou na carreira administrativa em 1996, quando comandou a Prefeitura de Presidente Prudente. Apesar de receber por duas vezes o Prêmio Prefeito Criança da Unicef/Abrinq e ser eleito presidente da União dos Municípios do Pontal do Paranapanema em quatro ocasiões, o tucano ficou marcado por um mandato com crises financeiras, resultando em corte de telefone e luz em prédios públicos, além de vias esburacadas e salários de servidores municipais atrasados por meses.
Mesmo com retrospecto negativo no Executivo, o tucano não perdeu o prestígio na região voltando à Assembleia em 2005 para seu sexto mandato como deputado, com sua última reeleição em 2014.
No currículo, soma ainda a chefia da Secretaria Estadual da Habitação, em 2004, presidências das principais comissões permanentes da Alesp, liderança da bancada do partido e coordenadoria Frentes Parlamentares da Defesa Civil, em Defesa da Malha Ferroviária Paulista e da Regularização Fundiária.
Atualmente, ele presidia a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento e participava como membro efetivo da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação, além da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre obesidade infantil.
Na Alesp, Bragato tem 10.192 documentos protocolados entre projetos, decretos, emendas, monções, indicações e requerimentos ao longo dos nove mandatos.
Processos e ações
Com perfil discreto, Bragato sofreu suas principais ações judiciais após deixar o cargo de prefeito. A maioria movida pelo próprio Jurídico do Executivo na gestão do ex-prefeito Agripino de Oliveira Lima, seu sucessor e antigo desafeto.
Acusado de improbidade por compra de sistema anti-grampo, de descumprir convênio firmado com a Secretaria Estadual de Economia e Planejamento de São Paulo, desvio de recursos, licitação para compra do prédio do Matarazzo e compra de salsicha superfaturada, Bragato foi absolvido em todos os processos pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). Só não conseguiu escapar da ação sobre compra de leite que culminou na perda de mandato.
Em 2007, o tucano foi acusado de ter recebido propina da empresa FT Construções, cujo dono foi apontado pela polícia como mentor do esquema de fraudes em licitações para construção de casas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Na época, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado arquivou o processo por falta de provas e condenação judicial.
Articulador habilidoso
Uma de suas maiores habilidades construídas durante sua carreira política foi a articulação para aprovação de projetos, emendas parlamentares, envio de recursos a municípios e até na decisão sobre o destino do partido em eleições locais do Oeste Paulista.
Em 2009, participou ativamente na desapropriação do antigo Hospital Universitário (HU), mantido pela Associação Prudentina de Educação e Cultura (Apec). Com a mudança para Hospital Regional (HR) articulou junto ao Estado a instalação do AME e protocolou projeto para a criação de uma Faculdade Estadual de Medicina em Prudente.
Seu prestígio com o Governo ficou ratificado através das várias visitas do governador Geraldo Alckmin à região. E ficou ainda mais claro quando nas eleições municipais de 2012 conseguiu derrubar decisão da Executiva Estadual, bloquear a candidatura de Nelson Bugalho à Prefeitura e firmar apoio pela reeleição do prefeito Milton Carlos de Mello (Tupã), apesar da aliança contar com a participação do PT - algo amplamente vetado em todo país.
O apoio rendeu ao município a destinação de vários recursos nos últimos anos, que foram empregados na construção de creches, escolas, recapeamento, iluminação, criação de parques, implantação de pontes e dispositivos, entre outros. Investimentos estaduais nunca antes realizados em gestões anteriores e colocados na conta do tucano pelo livre trânsito no Palácio dos Bandeirantes.
Nos bastidores, a aposta é que Bragato mantenha sua influência política apesar da cassação. E o desejo foi parcialmente revelado em sua última postagem na internet sobre a perda de mandato. "O Oeste Paulista e todo o Estado de São Paulo podem ter certeza que vou continuar batalhando para mostrar que a dose da pena foi desproporcional. E, principalmente, garanto que minha atuação política não terá interrupção, buscando o que sempre busquei: a diminuição das desigualdades regionais e a melhoria da condição de vida dos menos favorecidos", disse.
Última chance
Mauro Bragato aposta suas últimas fichas no julgamento de uma ação rescisória movida contra a decisão que culminou na perda imediata do mandato parlamentar. A ação está prevista para ser analisada ainda neste mês pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP).
Atualizade às 15h41 para acréscimo de informações