Da Folha
Em 24/05/2011 às 09:17
Senadores da oposição e até mesmo integrantes de partidos governistas
cobraram nesta segunda-feira (23) o afastamento do ministro Antônio Palocci (Casa
Civil) até que ele explique como o seu patrimônio pessoal cresceu 20 vezes nos
últimos quatro anos.
Em discurso na tribuna do Senado, o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE)
disse que o comportamento de Palocci é "incompatível" com a sua permanência no
governo.
"Ele precisa escolher se deve fidelidade aos eleitores ou às empresas que o
levaram a multiplicar o patrimônio por vinte. Não se pode servir a dois
senhores", disse Jarbas.
Conhecido como um dos "dissidentes" do PMDB no Senado - partido aliado da
presidente Dilma Rousseff - Jarbas disse que a Casa Civil ganhou uma "maldição
na era petista", da qual apenas Dilma escapou. "Dirceu, Erenice e agora Palocci
foram protagonistas de histórias obscuras e muito mal explicadas na Casa Civil."
Integrante da base governista, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) disse que
a presidente Dilma deveria seguir a conduta adotada pelo ex-presidente Itamar
Franco no seu governo --quando ele afastou o então ministro da Casa Civil
Henrique Hargreaves, acusado de irregularidades no cargo.
"Depois do esclarecimento, Hargreaves voltou muito mais fortalecido. Agora,
da mesma forma, se poderia esperar que a presidente Dilma preste a esta Casa os
esclarecimentos deste caso para não pairar nenhuma dúvida a respeito disto",
afirmou a senadora.
O líder do PSDB, senador Álvaro Dias, disse que há elementos suficientes para
justificar o afastamento de Palocci. Na opinião do tucano, está comprovado que o
ministro cometeu "tráfico de influência" ao estabelecer uma "taxa de sucesso" em
sua empresa de consultoria, a Projeto.
"Em um governo sério, toda denúncia grave com consistência provoca o
afastamento do denunciado até o esclarecimento cabal dos fatos."
Requerimento
A oposição vai tentar aprovar nesta terça-feira, na Comissão de Fiscalização e Controle
do Senado, a convocação para Palocci prestar esclarecimentos à Casa. Jarbas
disse que a "blindagem" governista sobre o ministro não vai calar a oposição
--nem com o apoio do presidente do Senado, José Sarney, às ações do governo.
"O ministro deve explicações a todos os brasileiros, ao Congresso, que não
pode abdicar de suas prerrogativas constitucionais como declarou esta semana o
senhor José Sarney. É poder do Legislativo convocar qualquer ministro de Estado
para dar explicações", afirmou o tucano.
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