Eliseu Visconti*
Em 17/11/2010 às 16:38
Os cinco sentidos do ser humano são o tato, o olfato, a audição, a visão e o paladar. Todos os possuímos, em maior ou menor grau, com maior ou menor intensidade. Diz-se que a perda de um dos sentidos acarreta o hiperdesenvolvimento de outro. É o caso dos cegos, por exemplo, que ao perder a visão, adquirem uma grande capacidade para tatear, (obrigado, Braille!) escutar e mesmo distinguir odores.
Existem as pessoas que, mesmo ostentando os cinco sentidos com proficiência, não têm a habilidade ou a presença agradável aos seus interlocutores, que são sem graça, desinteressantes ou tediosas, e por isso recebem o epíteto – é o Caldas Aulete quem ensina – de insossas. Há quem as classifique, ainda, de “malas sem alça” ou “chatas,” mesmo que não lhes falte algum dos sentidos.
Os insossos, segundo seus detratores, são aqueles indivíduos inertes, que concordam com tudo, que são incapazes de reagir ou interagir. São a comida sem sal ou tempero suficiente, ainda de acordo com Aulete. São alienados, ausentes e covardes.
Isso é o que diz – ou quis dizer – um respeitado periódico, em seu editorial de hoje, dia 17 de novembro.
Criou-se, em verdade, uma lenda em torno de uma entidade que nada tem de deficiente sensorial. A Câmara Municipal de Presidente Prudente desfruta dos cinco sentidos à normalidade, e muito apreciaria discorrer sobre a matéria.
A audição, para início de conversa, é acurada. Do atual prefeito, cá em baixo ainda não se ouviram as invectivas que lhe são atribuídas. Dos prefeitos anteriores, não é o caso comentar.
Não estamos mal de visão, tanto que ao escolher entre outros candidatos, elegemos o atual prefeito, por acreditar no seu potencial, até o momento demonstrado. É claro que sempre existem sombras no horizonte que atrapalhem os sonhos de outrem, mas os desígnios da política são insondáveis, e o excesso de luz pode causar contração das pupilas – ou dos pupilos. O tato tátil – queiram me perdoar – exige negociar com habilidade e tratar os interlocutores com paciência. Tato político significa chegar a acordos manejáveis, mesmo que pareçam inviáveis. Temos tato, e soubemos negociar a questão da Sabesp, a criação da TV Câmara, o projeto arquitetônico da nova Câmara, a questão das ADIs, entre outras, numa prova que negociar é sempre possível, e transigir pode – mas no caso não é – ser sinal de tibieza. Afinal de contas, sabe-se que “Lo Cortés no quita El valiente.” Queremos a paz e a convivência, e dispomos de tato para tal.
A renovação da Mesa da Câmara exigiu-nos, antes de tudo, a capacidade de farejar problemas futuros. Há que se ter olfato para sobreviver, atributo dos cachorros e outros mortais, inclusive humanos. Logo no início da atual gestão, um acordo foi lavrado entre os protagonistas, definindo prazos e nomes sucessórios. Aproxima-se o momento de romper o lacre dos papiros e validá-los. Não é lícito e nem lógico admitir entidades que emporcalhem o ambiente e tornem-no irrespirável, prejudicando o indispensável sentido do olfato. Pacta sunt servanda.
Encerremos esta rápida digressão com o sentido do paladar. Há um inegável sabor que resulta da coisa bem feita. É como um bom vinho ou um prato esmerado. No outro lado da mesa, ou do fogão, habitam os entes insossos, descontentes com o que são ou com o que fizeram, e por isso incapazes de aguçar ou provocar o apetite. Aqui na Câmara tal não acontece. Todos sentem-se felizes com o que fazem e com quem convivem, e por isso têm o paladar satisfeito. Passaram pela Câmara em 2010, 12.000 munícipes, devidamente registrados. Nem o Legislativo está fraco, por ter aprovados 60 projetos de leis, neste ano, e nem o Executivo teve preguiça, ao aprovar 202.
Constata-se, desta forma, que no autoteste dos cinco sentidos, a Câmara foi aprovada. Não estando carente de nenhum deles, preservou o paladar e não pode ser chamada de insossa.
Quod erat demonstrandum.
*Eliseu Visconti é jornalista, escritor e assessor de imprensa da Câmara de Presidente Prudente