Maycon Morano
Em 03/12/2010 às 11:23
Para lembrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência (Condef) de Presidente Prudente percorre as ruas do quadrilátero central da cidade para “vistoriar” as vagas especiais e aplicar uma “multa educativa” a quem não respeitá-las. Segundo o IBGE, existem 26.386 portadores de necessidades especiais no município.
(Fotos: Maycon Morano)
A ação, que teve início na Praça Nove de Julho, é realizada das 9h às 12h, de acordo com a vice-presidente do Condef, Célia Harumi Tarumoto Nishizima. “Faremos a mobilização para orientar sobre as vagas de trânsito e também as rampas de acesso”, explica.
Conforme a vice-presidente, a entidade recebe denúncias diariamente de falta de acessibilidade nas empresas e do uso inadequado da vaga. “No caso das lojas que não possuem a rampa para deficientes, nós encaminhamos para a Prefeitura verificar o alvará de funcionamento e se ela já está progredindo neste sentido. No caso das vagas de trânsito, entramos em contato diretamente com a Semav [Secretaria Municipal de Assuntos Viários]”, pontua.
Entretanto, o presidente do Condef, Milton Takao Mizukawa, frisa a importância de também entrar em contato com a polícia através do 190. “Dessa forma, a PM pode agir de maneira mais rápida e punir o infrator sem credencial que para na vaga de deficiente”.
Mas existem, ainda, portadores de necessidades especiais que não possuem suas credenciais, segundo Mizukawa. “Nós orientamos que estas pessoas busquem a regularização na Semav, que busquem seus direitos e, principalmente, reclamem quando forem privados deles”, diz.
O vereador Douglas Kato (PV), deficiente físico, fala sobre esta ação. “É uma forma de mobilizar a sociedade da importância do deficiente num contexto social. Não somente do físico, mas de todos os portadores de algum tipo de deficiência. Eu já passei por situações de não ter vaga para parar ou não ter a guia rebaixada. É lamentável”, reclama Kato.
Já o cadeirante Carlos Conrado Savoldi Novaes, que, apesar da falta de mobilidade, é motorista, classifica como “absurdas” as situações pelas quais já passou no Centro de Prudente. “As pessoas precisam ver que nós deficientes precisamos de necessidades mais especiais para conviver em sociedade”, esclarece.
Sobre a falta de vagas para portadores de necessidades especiais na área central, ele lembra os pontos problemáticos. “Às vezes tenho que pagar estacionamento porque param em vagas para deficientes sem a credencial ou, quando acho a vaga, a guia é alta, a calçada não ajuda. Enfim, ainda não é totalmente acessível”, lamenta.
Ele sofreu um acidente de moto há dois anos e, para entrar ou sair do carro, encontra dificuldades. “A maioria dos motoristas não colabora, aí acabamos demorando muito, pois precisamos esperar o trânsito diminuir a intensidade ou então aparecer um motorista ‘gente boa’ que pare os outros veículos para que possamos descer”, conclui Novaes.
Deficientes em Prudente
Segundo dados do Censo 2010 colhidos pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), existem 26.386 portadores de necessidades especiais em Presidente Prudente. São 3.503 com deficiência mental permanente; 1.126 com deficiência física; 362 deficientes físicos com falta de membros; 15.203 deficientes visuais; 5.290 deficientes auditivos; e 902 com deficiência motora.
Cadeirante, Conrado utiliza carro adaptado com acelerador de mão (detalhe)
