Da Redação
Em 16/10/2017 às 09:09
Com direção de Patrício Guzmán, longa-metragem de 2015 dá sequência à mostra Cinema Sul-Americano
(Foto: Divulgação)
“Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”. Ao escrever esta frase, o poeta inglês William Shakespeare jamais imaginaria como ela se encaixaria tão bem na proposta do documentário Nostalgia da Luz, que será exibido nessa terça-feira (17), no Sesc Thermas de Presidente Prudente, por meio do Cine Bosque.
O filme tem como cenário principal o deserto do Atacama, localizado na região norte do Chile até a fronteira com o Peru, o qual atrai astrônomos de todo o mundo para observarem as estrelas. Nessa região do Chile, a três mil metros de altitude, o calor do sol mantém intactos restos humanos. Ao mesmo tempo em que os astrônomos pesquisam as galáxias em busca de vida extraterrestre, mulheres procuram seus parentes na terra do deserto.
A sessão dá sequência à mostra Cinema Sul-Americano, com exibições de filmes da América do Sul que abordam, além de histórias do continente, características de seus países, cultura, povos e paisagens. Na telona montada no bosque o especial segue durante outubro com a exibição dos filmes: O Silêncio do Céu (24/10) e Mãe Só Há Uma (31/10).
Mais sobre Nostalgia da Luz
Em Nostalgia da Luz, o diretor chileno Patrício Guzmán viaja para o Deserto do Atacama, região em que grupos de astrônomos vindos do mundo inteiro reúnem-se para observar as estrelas. Devido às suas particularidades, como a mínima umidade, que faz com que poucas nuvens se formem no local, o cenário possibilita uma vista límpida e privilegiada das estrelas. Não à toa, vários são os observatórios construídos no local.
Pelo mesmo motivo, o clima seco ajuda a conservar o que está no solo. Desenhos pré-colombianos e restos mortais – de múmias, exploradores e daqueles que ousaram enfrentar um local tão hostil – são lá encontrados em um estado de preservação impressionante.
Enquanto grandes telescópios tentam descobrir corpos celestes que possam explicar de onde viemos, um grupo de mulheres tenta encontrar seus parentes desaparecidos no local. Para tanto, o diretor volta ao tema mais doloroso da história recente do Chile: a ditadura de Pinochet, que fez com que milhares de cidadãos desaparecessem. Foi no Atacama que esteve um dos campos de concentração mais sanguinários do regime.
É a partir destas análises que Guzmán, enfim, atinge o ponto central do documentário: revelar as fraturas do passado e ressaltar a necessidade de investigá-las para a vida no presente.
O impacto visual da busca pelos corpos de Calama ganha ainda mais força a partir dos emocionantes depoimentos coletados por Guzmán, de pessoas que se recusam a desistir porque precisam de uma resposta que lhes tragam paz.
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