Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Falcão se diz preocupado com futuro do futsal no Brasil

Atleta participou de jogo beneficente em Martinópolis

Da Redação

Em 24/12/2013 às 13:08

(Foto: Cedida/Thiago Borrere Alvim)

Aos 36 anos, com 92 títulos na carreira e tendo sido eleito oito vezes o melhor jogador de futebol de salão do mundo, Falcão se diz "preocupado" com o futuro da Seleção Brasileira de Futsal. "Tenho a preocupação de quando eu parar, sim, do que será o Futsal no Brasil", destacou o atleta em jogo beneficente disputado no Ginásio Grevilha, em Martinópolis.

Considerado por alguns como o melhor jogador de todos os tempos, ele esteve na cidade no último domingo (22) para uma partida da Seleção de Férias x Amigos do Trovão. Em coletiva com a imprensa da região, Falcão falou sobre a carreira, aposentadoria, seleção brasileira, passagem pelo futebol de campo e seu filho Enzo, de 11 anos, que também disputou o jogo.

Pós-Falcão

Falcão mostrou preocupação com o futuro do esporte no país, quando deixar a Seleção e parar de jogar: "como é que vai ser o futsal depois?". "Me preocupo dos patrocinadores não se interessarem mais, porque todos os patrocinadores da Seleção Brasileira de Futsal são meus patrocinadores individuais também. Então, sempre que renovam com a Seleção, eles perguntam quanto tempo mais eu vou jogar, só que vai ter uma hora que vou ter que parar", alertou.

"Vai ter que ter um trabalho de media [training], até de fala dos próprios atletas. Porque os jogadores vão ser entrevistados e se preocupam em mandar beijo para a mãe, para o pai e para a namorada e se esquecem de falar do jogo em si. No jogo seguinte o cara [repórter] não vai entrevistar aquele menino que poderia ser uma referência", explicou.

O jogador se lembra que "esses detalhes" fazem diferença, "mas ninguém percebe". "Isso é determinante também para criar um atleta diferenciado, mas isso não vem acontecendo e a preocupação é zero", lamentou.

Seleção Brasileira

Já no final de carreira, Falcão avisa que "deixou um pouco de lado a Seleção Brasileira". "Deixei claro que jogos fora do Brasil acho que tem outros jogadores que precisam passar por essas experiências para ganharem bagagem para 2016, para a Copa do Mundo de Futsal", mencionou.  "Eu já deixei que a próxima eu não vou jogar. Quero ficar com a história da última. Foi muito especial, por tudo que passei, a paralisia facial, ter feitos gols importantes, então é bem importante pra mim", apontou.

O jogador já adianta que, "pelo menos", jogará o próximo ano pela Seleção, mas em partidas dentro do Brasil. "Torneios e amistosos, para ser um elo entre a nova geração e a que passou, eu faço questão de estar. Até quando não sei. Um ano, ou pouco mais, mas quero continuar vestindo a camisa da Seleção pelo menos ano que vem", afirmou.

Metas

Sobre a motivação para continuar sendo vencedor, Falcão explicou como trata sua carreira: "Almejo sempre o próximo gol, a próxima artilharia. Isso fez me manter tantos anos no auge. Mesmo com a idade, ainda consegui manter o alto nível e ganhando títulos", disse.

"Acabei de chegar a 353 gols com a Seleção Brasileira. Minha meta é abrir 100 gols do segundo colocado que é o Manoel Tobias, que tem 267 gols", avisou. "São números que dificilmente serão alcançados", frisou.

Substituto

Vitorioso no esporte e também na Seleção Brasileira da categoria, Falcão deixará uma lacuna, mas ainda não enxerga alguém para substituí-lo. Questionado duas vezes sobre o assunto, ele desconversou.

"Substituto para vestir a camisa da seleção tem um monte. Mas ser uma referência como o Manoel Tobias e depois chegou o Falcão, é difícil. Não é só jogar bem. É ganhar títulos, é fazer gols importantes, saber se expressar, interagir com a torcida, vender produtos. É muita coisa para se tornar um ídolo mundial, porque a diferença no futsal é muito grande", explicou.

O atleta lembrou que os jovens talentos estão assinando contratos com outros países e fazendo carreira, principalmente, na Europa. "É difícil. A molecada que pode fazer diferença, está indo embora cedo do país. Fiquei minha carreira toda no Brasil e isso ajuda bastante. Tem o Bateria e o Diego, mas não vão criar vínculo como eu, Vander e Manoel Tobias criamos, mas esperamos que logo apareça um", apontou.

Futebol de Campo

Durante a coletiva Falcão também foi questionado sobre sua curta passagem pelo futebol de campo, quando foi atleta do São Paulo, que tinha Leão como treinador. "Eu fui por uma opção de momento, pelo clube que era, pela valorização que eu tive, mas eu estava no lugar certo, com o treinador errado. Não precisava passar por aquilo de ficar no banco, ou nem no banco ficar, simplesmente por uma coisa pessoal. E todo mundo sabe que quando a imprensa e a torcida querem, ele não põe para jogar. Em um jogo que ele me chamou para entrar, quando me abraçou e a torcida começou a gritar meu nome, olhou pra torcida e me mandou voltar para o banco", recordou.

"Mas voltei para o futsal de cabeça erguida, todos os meus patrocinadores voltaram ainda mais valorizados. Teria ido igual eu fui, e teria voltado igual voltei", mencionou.

Jogo beneficente

A partida de domingo, segundo o próprio Falcão, terminou 10 a 10. "O último gol eu fiz e o juiz apitou somente depois", destacou. "Falei pro juiz que o último gol valeu, não quero nem saber", afirmou. "É um jogo para se divertir com o pessoal, uma partida de amigos. Mas é importante esses eventos no interior para chegar perto de um pessoal que não tem tanto acesso a grandes eventos e grandes atletas, e ainda ajudar as pessoas, que é o mais importante", reforçou.

Férias

Apesar de ter feito jogos oficiais na última semana, Falcão já deu início a sua "maratona de peladas". "Tiro minhas férias para jogar bola. Hoje [domingo] aqui [em Martinópolis]; amanhã [segunda, 23] tem jogo meu, do Nenê e do Lucas; Dia 26, o do Neymar, em Goiânia; dia 28, do Zico, no Rio; dia 29, meu e do Leandro Damião, em Balneário Comboriú", citou.

"Só está começando, o descanso do jogador é jogando bola, mas é diferente de um jogo oficial e um de exibição, sem compromisso. O ano inteiro é aquela pressão de ter que ganhar, fazer gols, concentração", explicou. "Quando chega essa época, quem não gosto muito é a esposa", brincou. "A partir de janeiro a gente some um pouco, mas minhas férias é jogando bola", acrescentou o jogador.

Mudança

A partir de 2014, Falcão inicia um novo projeto no futsal. Ele se despediu na última sexta-feira (20) do ADC Intelli/Orlândia (SP), para jogar pelo Futsal Brasil Kirin, de Sorocaba no próximo ano. Na coletiva, o atleta apontou essa mudança como "difícil".

"É complicado. Quando sai de Jaraguá do Sul, foi porque o time acabou naquele momento e todo mundo saiu. Em 2011, quando sai do Santos, foi pelo mesmo motivo. E agora, dois anos em uma equipe que ganhou tudo praticamente, estou deixando o pessoal para trás. É bem doloroso porque é um grupo bem bacana, para mim foi uma perda muito grande", lamentou o jogador.

Aposentadoria

Em relação a sua aposentadoria, Falcão lembrou que acabou de assinar um contrato e tem "ainda esse projeto". "É um contrato de 3 anos [exigência do patrocinador, pois queria mais dois]. Mas como vou estar na minha casa, na cidade que vou morar, jogando, então dá para jogar até quatro anos, dependendo da época, mas minha época é no máximo quatro anos", adiantou.

Herdeiro

No jogo de domingo, em Martinópolis, o herdeiro, Enzo, estava em quadra. "Por incrível que pareça ele tem mais estilo de campo. O rendimento dele no campo é impressionante no meio campo, jogando distribuindo o jogo", ponderou Falcão.

"Ele tem futuro, acabou de fazer onze anos. Não tem a força de um adulto, mas tem noção estilo de jogador, mas ainda é muito novo. Mas vai ser um grande jogador futuramente. É importante colocar um pouco no meio dos adultos para sentir a pressão, o rendimento físico", concluiu.

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