ROGÉRIO MATIVE
Em 20/02/2018 às 00:29
Izaque Silva criticou a orientação do PSDB para que a bancada votasse contra o prosseguimento da denúncia
(Foto: Cedida/AI/Maycom Morano)
Cada vez mais independente e explosivo contra o próprio partido. Em seu retorno à Câmara Municipal de Presidente Prudente, o tucano Izaque Silva deixa cada vez mais cristalina sua insatisfação com as decisões tomadas pelo PSDB, partido de sustentação do governo de Nelson Bugalho (PTB). Na sessão ordinária dessa segunda-feira (19), ele criticou a orientação da sigla para que a bancada votasse contra o prosseguimento da denúncia que acusa o prefeito de improbidade administrativa.
Após a leitura da denúncia assinada pelo ex-vereador Jorge Galli e pelo empresário Fernando Gesse, Izaque Silva pediu a palavra e, ao usar a tribuna, mostrou-se surpreso com a atitude do PSDB. Ele ainda citou "ameaças de última hora" aos vereadores para arquivar as acusações contra Bugalho.
"Quero ocupar esse espaço não para fazer julgamento ou comentário. Fui pego de surpresa também, agora à tarde, quando fiquei sabendo do protocolo da denúncia. Muito surpreso por tudo e mais ainda com a atitude do meu partido, o PSDB. Consultei o líder [Rogério Galindo] e ele acaba de afirmar que a posição do PSDB é votar contra a denúncia. Fico abismado como pode um partido no qual tem o presidente da época que sancionou a emenda, que é o atual secretário de Meio Ambiente, Wilson Rodrigues Portella. E eu na época era secretário da Mesa Diretora e participei", falou.
Ele também criticou a Prefeitura por ignorar a alteração de artigo da Lei Orgânica Municipal (LOM), objeto de sustentação dos denunciantes. "Um texto tão simples e uma Prefeitura com corpo jurídico qualificado e assessores de grande nível não leram um artigo? A minha posição é muito clara. Eu aprovei a lei, ajudei a sancionar e promulguei a lei juntamente com o presidente da época, Wilson Portela. Não posso assumir uma responsabilidade que não é minha. Essa responsabilidade é do Executivo, de ter lido a matéria, a lei orgânica, a alteração dos artigos e tomado uma posição de enviar à Câmara para referendar ou não", disse.
Ameaças
"Acho descabida essa pressão e essas ameaças que estão fazendo de última hora. Descabida. Tem que ameaçar quem realmente falhou, tem que punir quem falhou e não os vereadores porque o problema não é da Câmara. Votar pela admissibilidade da denúncia não quer dizer que você vai votar favorável à cassação ou qualquer outro tipo de punição", reclamou, sem citar nomes.
"Lamento muito a posição do PSDB de Prudente em orientar para votação contrária. Sem entrar no mérito se a denúncia procede ou não, o que temos que ver é a Lei Orgânica do Município", finalizou.
Tentou defender
Futuro secretário municipal de Relações Institucionais, Rogério Galindo, tentou argumentar em seguida a favor do PSDB e em defesa do governo. Líder do partido, o tucano viu sua ascendência minar como único da bancada a votar contra a denúncia. No total, foram 11 a 1 pelo prosseguimento das investigações.
"O PSDB tem essa conduta porque essa votação é política. Chegou isso [protocolo da denúncia] às 16h. Às 18h, já estava com parecer [jurídico] pronto. Isso é dor de cotovelo de quem não conseguiu ser prefeito e está revoltado. Vocês vão ver que vai ser arquivada. Vai ser aceita hoje por política", argumentou. Em seguida, desistiu de usar o restante do tempo após ser interrompido por vaias.