Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

PF: Verba do Incra era desviada para custear invasões

Rogério Mative

Em 16/06/2011 às 17:34

Delegado da PF, Ronaldo de Góes Carrer

(Foto: Rogério Mative)

Cerca de R$ 5 milhões em recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) destinados a assentamentos foram desviados para a suposta quadrilha que foi desbaratinada pela Polícia Federal de Presidente Prudente durante a Operação Desfalque, realizada desde as primeiras horas desta quinta-feira (17). Um dos acusados, José Rainha Junior, apontado pela PF como líder do grupo, foi ouvido em Prudente e transferido no início da tarde para São Paulo, onde ficará detido na sede da PF.

Operação da PF prende José Rainha por desvio de verba

De acordo com o delegado da Polícia Federal, Ronaldo de Góes Carrer, investigações já comprovaram que parte deste montante foi usada pelo grupo. "As investigações que duraram 10 meses apontam que o dinheiro de origem pública chegava nas mãos do líder do grupo para custear invasões e moção de apoio para a manutenção de um chefe do Incra no cargo", relata. "Não quer dizer que todo esse dinheiro foi desviado para o grupo, mas parte dele já foi comprovado que sim", avisa.

"Toda manifestação de apoio custou algo para a organização. Essa dívida tinha que ser paga e assim o dinheiro saiu com a ajuda desses servidores. Eles tinham a missão de facilitar e não fiscalizar o repasse desses recursos", afirma o delegado.

Além da verba pública, o grupo vendia cestas básicas que eram destinadas gratuitamente a assentados. “O Incra disponibilizava cestas básicas e a quadrilha se apropriava e vendia para as famílias assentadas”.

O delegado não quis confirmar os nomes dos detidos e nem passar detalhes alegando que a ação corre em segredo de Justiça. Porém, o Portal apurou que José Rainha foi preso por volta das 4h em uma residência localizada na Rua Claudionor Sandoval, Jardim Paulista, em Prudente. Com ele, uma mulher também foi presa. O irmão dele, Roberto Rainha, que é advogado, foi detido na casa onde mora com a família em São Paulo.

Ao todo, foram nove pessoas presas, sendo quatro na região de Prudente. Mais sete pessoas foram ouvidas pela PF, sendo que uma continua foragida. Entre os detidos, estão
o superintendente do Incra em São Paulo, Raimundo Pires da Silva, uma funcionária do órgão, paulistana mas presa em Andradina, e um empresário de Sandovalina. Um segundo servidor do órgão foi ouvido e liberado. "O empresário colaborava com a quadrilha", diz Carrer.

Ainda segundo o delegado, os acusados permanecerão presos temporariamente. "Estamos concluindo as investigações. Eles ficarão detidos por cinco dias, sendo prorrogado por mais cinco dias caso necessite".

Os acusados são investigados pelos crimes de extorsão contra proprietários de terras invadidas, estelionato, peculato, apropriação indébita de recursos de assentados, formação de quadrilha e extração ilegal de madeira de áreas de preservação permanente (APPs).

As investigações sobre o desvio de dinheiro começaram em 2009. Na operação desta quinta-feira, foram empregados 50 agentes da PF nas cidades de Andradina, Araçatuba, Euclides da Cunha Paulista, Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Sandovalina, São Paulo e Teodoro Sampaio.

"Foram apreendidos documentos, computadores e um veículo que serão analisados e inseridos no processo. Temos suspeita que o carro foi comprado com dinheiro desviado. Atualmente existem duas ações penais sobre desvio de verba e três inquéritos policiais", explica Carrer.

O inquérito deve ser concluído em 10 dias. "Temos esse prazo para a conclusão e entregar as provas para o Ministério Público Federal. Mas ainda podem ocorrer outras prisões. Vai depender das pessoas ouvidas e o material apreendido", conclui.
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