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Enquete aponta que 90% admitem comprar mídia pirata

Rogério Mative e Thiago Ferri

Em 05/04/2011 às 08:06

(Foto: João Wainer/Folha Imagem)

Enquete realizada pelo Portal entre os dias 17 e 31 de março aponta que 90,7% dos internautas admitem já ter comprado CD ou DVD pirata. Foram 302 opiniões em 14 dias de votação. Para o doutor em história pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), José Artur Teixeira Gonçalves, o resultado reflete a falta de senso de errado das pessoas em relação aos produtos piratas e também a imagem negativa das gravadoras perante os consumidores.

Dos 302 votos, 274 internautas responderam que já compraram mídias piratas. Apenas 28 disseram que não. O sistema de enquete do site permite apenas um voto por IP (Protocolo de Internet) ao dia, para que não haja qualquer tipo de manipulação.

"A enquete reflete uma realidade: uma grande maioria de pessoas opta por comprar DVDs e CDs piratas. A primeira explicação é a do preço, mais baixo do que os praticados pela indústria do entretenimento, como distribuidoras e gravadoras, cinemas e vídeo-locadoras. Acontece que pirataria é um crime, então a lógica do consumidor deveria ser diferente e ele não deveria optar por esse produto, que lesa as empresas e governo. Ninguém compra um carro furtado ou roubado só porque ele é mais barato do que um vendido em uma garagem ou concessionária", analisa José Artur Gonçalves.

Autoridades brasileiras apreenderam 1,6 milhão de CDs piratas somente em 2010, aponta balanço da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), em conjunto com a Entertainment Software Association (ESA), representando um crescimento de 42% em relação à quantidade recolhida em 2009.

De acordo com o historiador, a confiança estabelecida entre vendedor e consumidor aumenta a "legalidade" de piratas. "O consumidor não está identificando aquela conduta como errada, pelo contrário. Muitos compradores de produtos piratas percebem aquele ato como legítimo, bem como veem legitimidade na atividade do camelô. É muito comum ouvir pessoas dizendo que compram do camelô porque ele é um trabalhador, um lutador, que se não comercializasse DVDs estaria desempregado. A condição social do vendedor, bem como a confiança que se estabelece entre ele e consumidor – o camelô dá garantia do produto, o que reforça o elo com o consumidor – tornam a percepção da pirataria como completamente aceitável", acredita o historiador.

Em 2002, o Brasil já mantinha 9,5% do mercado mundial de mídias piratas, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo apontava que em 2002, 65% do total de CDs comercializados no país eram piratas. O percentual dos DVDs neste ano era ainda superior: 85%.

"Pesquisas sociológicas feitas junto a compradores de produtos piratas mostram que além do camelô ter uma imagem positiva, o governo e as empresas formais apresentam uma imagem negativa junto à população. O Estado, que cobra impostos e faz a repressão da pirataria, é visto ou como corrupto, ineficiente, ou um entrave ao trabalho dos camelôs. Por sua vez, as empresas também são percebidas negativamente, por causa dos preços altos, causados pelos altos encargos sociais, impostos, etc.", avalia Gonçalves.

Em enquete semelhante realizada em 2007, o site do O Globo contabilizou a participação de 1.946 internautas. Cerca de 50% não só admitiram consumir os produtos ilegais como afirmaram que pretendiam continuar comprando. Já 29% não disseram não comprar porque estariam estimulando a ilegalidade e o crime. Apenas 9% se mostraram arrependidos de comprarem versões piratas. Em compensação, 7% dos internautas admitiram ser "piratas". Para 5%, a aquisição de um CD ou DVD ilegais seria justificada em caso de problemas financeiros.

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