Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Especialista alerta sobre risco de câncer através de DST

Rogério Mative

Em 28/03/2011 às 11:04

Alexandre Portelhinha é infectologista e coordenador do programa DST/Aids em Prudente

(Foto: Rogério Mative)

Desconhecido pela maioria da população, o vírus do papiloma humano (VPH ou HPV, do inglês human papiloma virus) pode estar presente em 50% das pessoas sexualmente ativas. Transmitido através de contato sexual, o vírus pode causar câncer no homem e, principalmente na mulher, maior vítima do HPV, segundo o infectologista e coordenador do programa DST/Aids em Presidente Prudente, Alexandre Portelinha Filho.

Existem mais de 150 tipos de HPV, porém, dois deles, os subtipos 16 e 18, podem causar câncer de colo uterino na mulher e de reto nos homens. Segundo recente pesquisa no Reino Unido, o sexo oral também é apontado com porta de entrada para o HPV e consecutivamente o aumento de casos de câncer na boca e garganta em jovens.

"A transmissão acontece através da relação sexual sem proteção. Se uma pessoa tem o vírus responsável pelas verrugas e não usar o preservativo poderá passar para o parceiro tendo a possibilidade de desenvolver a doença. Vai depender do sistema imunológico de cada um", explica especialista prudentino.

Ainda segundo Portelinha, o vírus é transmitido quando acontece uma lesão nas verrugas. "É uma doença transmitida via sexual quando tiver a lesão presente. Basicamente em si, quando tiver só a verruga, não é passível de transmissão. Você tem que ter contato com fluídos genitais contendo o vírus. Ele vai causar a lesão no ponto que penetrar na mucosa de quem vai receber esse vírus. Mucosa é aquela pele genital mais fina do órgão sexual masculino e feminino", pontua.

Outra pesquisa divulgada em fevereiro indica que metade dos homens saudáveis está infectada com HPV. O estudo acompanhou por quatro anos 4.074 homens de 18 a 70 anos do Brasil, dos EUA e do México. No Brasil, foram 1.159 homens entrevistados. Eles tiveram amostras recolhidas do pênis e do escroto submetidas a análise. Dos 50% com HPV, 30% tinham o vírus que pode levar a câncer, 38% tinham o não cancerígeno, e o restante tinha mais de um tipo de HPV.

Portelinha acredita que os números ainda não refletem a realidade prudentina. "Cinquenta por cento é um número muito grande para indicar que pessoas tenham lesões por HPV. Fico preocupado. Mas acredito que estamos longe desses números aqui em Prudente. Não temos pesquisa desse nível aqui, não é comum. O índice aqui é muito mais baixo. Digo pela experiência que tenho com os pacientes que eu atendo que têm DSTs. Não chega a esse ponto alarmante", espera.

Nas mulheres, além de ser responsável por 80% dos casos de câncer do colo do útero, o vírus pode provocar verrugas na vagina e sintomas desagradáveis, como prurido, coceira e corrimento. Nos homens, a incidência de câncer, devido ao HPV, é muito baixa, mas há ocorrências de câncer de pênis e anal, além da formação de verrugas genitais.

Segundo o Ministério da Saúde, um estudo feito em seis capitais brasileiras, em 2005, publicado em 2008, mostrou a prevalência de HPV – em mulheres e homens que procuraram atendimento em clínicas de doenças sexualmente transmissíveis – de 41% de um total de 3.210 pessoas. De acordo com uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), o HPV atinge 685.400 pessoas no país.

"As pessoas acabam procurando atendimento quando aparecem verrugas. O alerta é: quando aparecer verruga, procure imediatamente um médico. Não pense que é uma verruga de pele. Assim será feito um tratamento para que essa verruga seja retirada, ou com tratamento cirúrgico ou tópico. É possível que a gente controle isso e previna um câncer", diz Portelinha.

Sem remédio específico, o tratamento é feito por algumas maneiras, de cremes à cauterização. O diagnóstico pode ser realizado através de exame de sangue ou com ajuda de aparelhos. "O diagnóstico pode ser feito de varias maneiras como o exame de sangue. A maneira mais fácil é o diagnóstico visual, quando percebemos as lesões. Podemos fazer também com ajuda de aparelhos. Como não existe remédio para ser tomado, o tratamento é através de cauterização [ato de queimar a verruga] ou remoção cirúrgica, indicada quando as lesões são grandes. Em pequena escala, é usado creme tópico", exemplifica.

Porém, o especialista faz uma ressalva. "São os tratamentos que são eficazes. O tempo de tratamento dependerá do tamanho das lesões. Os cremes devem ser passados até que desapareçam totalmente as verrugas. Agora, tem que ficar atento para que não voltem. Pode ter resistiva e a lesão voltar. Temos que fazer o tratamento até que não volte mais. O sistema imunológico tem participação muito importante. Muitas podem ter recebido o HPV e não terem desenvolvido lesões. O próprio sistema pode eliminar o vírus. A volta pode ter resposta com o sistema imunológico baixo", afirma.

"O vírus é um ser microscópico e as vezes pensamos que tiramos ele, mas não conseguimos. As vezes fica uma lesão que não vemos a olho nu  e ela começa a proliferar outra vez. Quando a resistiva é grande a gente tem que fazer um processo cirúrgico, tomando cuidado para tirar toda a porção afetada pelo vírus", reforça.

Portelinha ainda alerta para o risco de outras DSTs. "Toda DST é uma porta de entrada para o HIV e outras doenças. Se o indivíduo se protege de uma doença será protegido de todas. A gente tem visto um aumento em todas as faixas etárias. Mas se concentra entre os 15 a 45 anos. Vemos na faixa mais sexualmente ativa um número maior nesses indivíduos. Vejo também casos de gonorreia e sífilis cada vez maiores. Toda semana eu tenho um caso de sífilis que atendo", conclui.

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