Rogério Mative
Em 17/10/2019 às 11:21
Prefeitura decidiu pela transferência provisória do Camelódromo para duas quadras do PUM
(Foto: Marcos Sanches/Secom)
Boxes com produtos importados do Paraguai em vez de crianças e jovens praticando atividades físicas por meio de diversas escolinhas desportivas. Este deve ser o novo cenário, em breve, das quadras do Parque de Uso Múltiplo (PUM), escolhido pela Prefeitura para abrigar comerciantes do Camelódromo da Praça da Bandeira durante as reformas no local.
Sugestão aceita pela Justiça e Ministério Público Estadual (MPE-SP) durante audiência realizada nesta semana, a transferência provisória do Camelódromo para duas quadras do PUM - do novo anexo localizado na parte baixa do equipamento público - não foi digerida por pais de alunos matriculados nos projetos esportivos e, muito menos, pelo professor e técnico de basquete da Secretaria Municipal de Esportes (Semepp), José Alves da Silva Junior (Negativo).
Nas redes sociais e em entrevista a uma emissora de TV, Negativo criticou duramente a atitude tomada pela Prefeitura. "Estão acabando com o nosso esporte. Quantas crianças passam pelo PUM por meio do basquete, vôlei, futsal, caratê, judô, ginástica e kung fu. Os caras não estão pensando nelas", disse, em postagem feita em seu perfil.
Logo em seguida, servidores comissionados da Semepp foram "escalados" para rebater os comentários de internautas e do próprio treinador.
No geral, o discurso foi o mesmo: que as mudanças foram determinações do Ministério Público e que "serão apenas provisórias. Nenhuma escolinha será interrompida, todas as atividades continuaram normalmente, apenas serão realocadas provisoriamente em lugares próximos para não prejudicar a nenhuma criança".
Em uma das defesas feitas por comissionados, os críticos à transferência foram acusados de realizar "terrorismo idiota".
Promete blindar estrutura das quadras
Inaugurado em 2010, o anexo escolhido para abrigar os boxistas é considerado um equipamento público "novo". Com custo de R$ 1,2 milhão, foram construídas três quadras cobertas, vestiários, sala para professores e almoxarifado numa área de 230 metros quadrados.
Uma das preocupações é em relação a possíveis danos na estrutura física e, principalmente, no piso das quadras. Contudo, a Prefeitura promete acompanhar e organizar a instalação dos boxes provisórios, que devem ser montados pelos próprios comerciantes. Cada ponto de venda terá a medida de 2 metros por 2,5 metros, com direito a um ponto de luz e uma tomada, sendo vetado o uso e instalação de ar-condicionado.
"O município ficará encarregado de acompanhar e organizar a instalação dessas estruturas, de forma que não haja qualquer perfuração no piso nem outro dano à estrutura da quadra. É claro que há transtornos, mas a medida é visando garantir a segurança dos consumidores e comerciantes, uma vez que o risco de executar a obra com o camelódromo em funcionamento seria muito grande", defende a Prefeitura, em nota enviada pela Secretaria Municipal de Comunicação (Secom).
Segundo a Prefeitura, o complexo principal, com quatro quadras, continuará à disposição dos alunos e atletas da cidade normalmente. "Paralelamente, o município também levará alguns dos alunos para a quadra poliesportiva coberta do Parque do Povo, para clubes da cidade e também o Ginásio de Esportes Watal Ishibashi. Todos eles dispõem de cobertura, banheiros e toda a infraestrutura necessária para atender os alunos com conforto e segurança".
As obras de revitalização do Camelódromo devem durar de seis a oito meses, prevê a Prefeitura. Desta forma, os boxistas deverão deixar o local entre 16 de dezembro a 3 de janeiro de forma voluntária sob pena de "perda do direito hipotético do boxe e retirada forçada", como cita a juíza da Vara da Fazenda Pública, Cibele Carrasco Rainho Novo.
Os locais que ocupados pelos comerciantes no PUM serão definidos por sorteio feito pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Sedepp).
Possíveis fraudes
Até o dia 25 deste mês, a Prefeitura terá que entregar todos os dados obtidos durante o recadastramento imposto pela Justiça, que foi realizado na semana passada, ao Ministério Público.
O órgão investiga irregularidades e possíveis fraudes no uso do espaço. Após a reforma, apenas 240 boxistas poderão comercializar produtos no Camelódromo.
A reforma tem data programada de início para o dia 6 de janeiro.
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