Da Redação
Em 30/06/2021 às 21:52
Após processado, produto pode ser empregado como gerador de energia em indústrias e pizzarias
(Foto: Cedida/AI)
A cada dia, cresce a busca por fontes alternativas e renováveis de energia devido à baixa disponibilidade de combustíveis fósseis e, principalmente, pela preocupação com a proteção do meio ambiente. É pelo reaproveitamento de armários, camas, sofás, portas, entre outros materiais, que pode ser ofertado material com alto poder calorífico para a utilização de indústrias e diversos tipos de empresas.
A medida é defendida pelo diretor-presidente da Transforma Energia, Felipe Barroso. Com sede em Caiabu, a empresa implantou o sistema de Tratamento Mecânico Biológico (TMB) visando aumentar o valor energético de biomassa.
Segundo ele, o resultado é a oferta de produto mais vantajoso em relação ao bagaço de cana-de-açúcar e lenha, materiais que eram utilizados em larga escala na região, até então.
"O bagaço de cana tem 1,8 mil quilocalorias (kcal), ou seja, uma tonelada desse resíduo vai produzir esse volume de energia. Já uma tonelada do nosso produto gera 4.780 Kcal", aponta.
Outra vantagem, é a queda do gasto com transporte, defende Barroso. "Uma tonelada de bagaço de cana é equivalente a 200 quilos do nosso material. Uma tonelada de lenha representa meia tonelada do nosso produto. Ou seja, reduz custo de frete, pois você põe mais energia em um mesmo caminhão para transportar", exemplifica.
Nos cálculos
Os números foram obtidos por meio de medição realizada pelo docente e coordenador executivo do campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rosana, Renivaldo José dos Santos. Responsável pelo curso de Engenharia de Energia, o professor estuda tecnologias de geração, transmissão e utilização das mais variadas formas de energia. Entre elas, a biomassa.
Conforme Santos, o emprego de energia obtida por meio do reaproveitamento de resíduos gera menor impacto ambiental. "Como, por exemplo, menor emissão de CO2 [dióxido de carbono], além de fomentar mais empregos. É uma excelente opção de fonte complementar para a matriz energética atual, que é adotada em todo mundo", analisa.
De acordo com o professor, a biomassa obtida de madeira picada tem maior poder calorífico quando comparada com bagaço de cana e lenha, por exemplo. "A biomassa do bagaço de cana tem 18,9 Megajoule [MJ, unidade tradicionalmente usada para medir energias mecânica e térmica]. Já a lenha, chega a 12,9 MJ. Enquanto que madeira picada 20,4; colchão 25 MJ; plástico com 32 MJ", pontua.
Potencial energético
"O que precisamos analisar nesses materiais é a capacidade de produção desse resíduo, a densidade desse material e, por fim, o poder calorífico que consiste na quantidade de energia que vai ser liberada na forma de calor durante o processo de combustão. Outra característica importante que deve ser analisada na biomassa é o teor de umidade, pois ele desempenha um papel importante sobre a compactação deste material, influenciando na durabilidade e na geração de calor", fala.
Santos explica ainda que são medidos o teor de voláteis, que é a liberação de evaporação, e o teor de cinza. "O primeiro é importante nas etapas iniciais da queima ajudando em todo processo de combustão. Já a segunda análise para determinar o grau de carbono fixo, que quanto mais presente, a queima será mais devagar. Quando tem mais de um, outro vem em menor grau", expõe.
"De posse dessas informações, poderemos processar esse resíduo, conhecido como briquetagem, para reduzir o volume e aumentar a densidade e durabilidade".
Para o produto ser utilizado no processo de queima em caldeiras, restaurantes, padarias, entre outros, é preciso ser triturado. "A ideia central é diminuir o tamanho da partícula para uma queima mais eficiente. É uma energia barata e renovável para processo de calor", opina.
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