Estudo faz raio-x da onda de rebeliões e atentados em SP que completa 5 anos
Thiago Ferri
Em 09/05/2011 às 14:19
(Foto: Alex Silva/AE)
Quando completa-se cinco anos da onda de ataques da facção
criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que pararam o Estado de São Paulo
em maio de 2006, o maior estudo feito desde então é lançado nesta segunda-feira
(9) e aponta as três principais causas para as ações.
Entre elas está a transferência que uniu 765 chefes do PCC, às
vésperas do Dia das Mães daquele ano, numa prisão de Presidente Venceslau. Entre
eles estava Marcos Willian Herbas Camacho (Marcola) e isso teria sido o estopim
das rebeliões e ataques.
Outras causas apontadas na pesquisa são a corrupção policial
contra membros do grupo e a falta de integração dos aparatos repressivos do
Estado.
Esses dados estão presentes estudo "São Paulo Sob
Achaque", uma espécie de raio-x
elaborado durante quatro anos e oito meses sobre a onda de ataques da facção. O
documento será divulgado nesta segunda-feira (9), com versões em português e
inglês.
O estudo de quase 250 páginas foi produzido pela ONG de defesa
de direitos humanos Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos
Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, uma das mais importantes dos EUA.
Os responsáveis por "São Paulo Sob Achaque"
pesquisaram centenas de documentos, muitos deles sigilosos, processos criminais
sobre as mortes ocorridas em maio de 2006 e entrevistaram a maior parte das
autoridades envolvidas no episódio.
Presidente Venceslau
Os autores do estudo ouviram o então secretário de
Administração Penitenciária à época, Nagashi Furukawa, que revelou que o
estopim das rebeliões e ataques foi mesmo a transferência de mais de 700
integrantes da facção, em 11 de maio de 2006, para a re-inaugurada
Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (P2), a fim de isolá-los do resto do
sistema. Entre eles estava Marcola, tido pela polícia como o líder da facção
criminosa, e que fora remanejado do presídio de Avaré 1 para Venceslau 2.
“De fato, as transferências desencadearam uma reação violenta
por parte de PCC. De acordo com Furukawa, após as transferências, Marcola teria
avisado Godofredo Bittencourt, delegado diretor do Deic da Polícia Civil do
Estado de São Paulo, durante um interrogatório, que uma ordem de represália já
teria sido comunicada aos integrantes do PCC”, consta no estudo.
Isso teria ocorrido na quinta-feira. No dia seguinte começaram
os ataques a policiais e agentes públicos, bem como as rebeliões das
penitenciárias de Avaré 1, de onde Marcola foi retirado, e na de Iaras.
Depois, as rebeliões se espalharam por outras unidades, somando
ao todo 74 presídios “virados”, diversos ataques a funcionários e prédios
públicos, com 43 mortes de servidores e diversos homicídios, ao todo 493 entre
12 e 20 de maio de 2006, muitos deles com características de execuções, segundo levantamento do "São Paulo sob Achaque".
Aqui você pode consultar a íntegra do estudo.
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